Ler Emmanuel Lévinas é pensar o para-além

Autores

  • Ednilson Turozi de Oliveira

Palavras-chave:

fenomenologia, ética, metafísica, Bem, Ser

Resumo

Este artigo tem por objetivo refletir sobre a experiência de ler Emmanuel Lévinas (1906-1995) como um convite a pensar o além. Pensar para além do “eu” equivale a pensar para além da essência. Isso significa pensar eticamente, isto é, para além do “eu”. Pensar para além do ser é experimentar o conceito do Bem de Platão no hic et nunc de qualquer encontro face-a-face. Em primeiro lugar, o artigo apresenta o estilo de escrita do filósofo afirmando que este é ambíguo e repetitivo e não segue o estilo linear-dialético. Em segundo lugar, apresentam-se suas principais categorias filosóficas: rosto, alteridade, Desejo, e transcendência. Num terceiro momento, o artigo se concentra na aproximação a e no distanciamento da tradição fenomenológica de Husserl e Heidegger. Lévinas dialoga com esta tradição, mas modifica a intencionalidade e a representação. Isso se deve ao fato de que, para Lévinas, existem certos “objetos”, a saber, o próximo, o Infinito, o desejo, e as experiências pré-filosóficas tais como a linguagem e a passividade de um sujeito que não devem ser representados ou concebidos dentro dos parâmetros de uma totalidade dialética que sintetiza. Enquanto Lévinas descreve fenomenologicamente como a vida deveria ser, Heidegger descreve fenomenologicamente como a vida é. Pensar o além, como sugere Lévinas, é continuar a mover-se cada vez mais perto do estranho. Quanto mais próximo se achega ao estranho, tanto mais distante dos interesses do “eu”, porém, por outro lado, movimenta-se também para mais perto do verdadeiro “eu” e do a-Deus.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Obras de Emmanuel Lévinas:
A l’heure des nations. Paris: Minuit, 1988. [1988.]
Autrement qu’être ou au-delà de l’essence. The Hague: Martinus Nijhoff, 1974. [1974.]
Da existência ao existente. Campinas: Papirus, 1998.
De Deus que vem à idéia. Petrópolis: Vozes, 2002.
De Dieu qui vient à l’idée. Paris: Vrin, 1998. [1982.]
De l’existence à l’existant. Paris: Vrin, 1998. [1947.]
Dieu, la mort et le temps. Paris: Livre de Poche, 2002.
En découvrant l’existence avec Husserl et Heidegger. Paris: Vrin, 2001. [1949.]
Entre Nous: Essais sur le penser-à-l’autre. Paris: Livre de Poche, 1998. [1991.]
Entre Nós. Petrópolis: Vozes, 1997.
Éthique et Infini. Paris: Fayard, 1993.
Hors sujet. Paris: Livre de Poche, 1997. [1987.]
Humanisme de l’autre homme. Montpellier: Fata Morgana, 1972. [1972.]
Humanismo do outro homem. Petrópolis: Vozes, 1993.
L’au-delà du verset. Paris: Minuit, 2002. [1982.]
Le temps et l’autre. Paris: Puf, 2001. [1979.]
Sur Les ‘Ideen’ de M. E. Husserl. In: Les imprévus de l’histoire. Montpellier: Fata Morgana, 1994.
Théorie de l’Intuition dans la Phénoménologie de Husserl. Paris: Vrin, 2001. [1930.]
Totalité et Infini. The Hague: Martinus Nijhoff, 1974. [1961.]
Totalidade e Infinito. Lisboa: Edições 70, 2000.
Transcendance et intelligibilité. Genève: Fides et Labor, 1996.
Tre note sulla positività e sulla trascendenza. In: MOSCATO, A. (org.) Levinas, Filosofia e trascendenza. Genova: Marietti, 1992.
Outras obras:
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
BACCARINI, Emilio. Lévinas e l’ebraismo. In: Lévinas: soggettività e infinito. Roma: Edizioni Studium, 1985.
BIEMEL, Walter. Husserl’s Encyclopedia Britannica Article and Heidegger’s Remarks Thereon. In: ELLISTON, Frederick; McCORMICK, Peter (eds.) Husserl: expositions and appraisals. Notre Dame: University of Notre Dame, 1977. p. 286-303.
BLACKBURN, Simon. Dicionário Oxford de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
BUCKS, René. A Bíblia e a ética: a relação entre a filosofia e a Sagrada Escritura na obra de Emmanuel Lévinas. São Paulo: Loyola, 1997.
CHANTER, Tina. Time, death, and the feminine. Stanford: Stanford University, 2001.
COSTA, Márcio Luis. Lévinas: uma introdução. Petrópolis: Vozes, 1998.
CRITCHLEY, Simon; BERNASCONI, Robert. Cambridge companion to Levinas. Cambridge: Cambridge University, 2002.
DE SOUZA, Ricardo Timm. Sujeito, ética e história: Lévinas, o traumatismo infinito e a crítica da filosofia ocidental. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999.
DERRIDA, Jacques. Adeus a Emmanuel Lévinas. São Paulo: Editora Perspectiva, 2004. . L’écriture et la différence. Paris: Du Seuil, 1967.
FERON, Etienne. De l’idée de transcendance à la question du langage: l’itinéraire philosophique d’Emmanuel Levinas. Grenoble: Jérôme Millon, 1992.
HARDY, Lee. How to destroy the world without hurting anyone: the existential import of Husserl’s idealism. In: DE SOUZA, Ricardo Timm (ed.) Fenomenologia hoje. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. p. 121-135. Disponível em: <http://www.calvin.edu/academic/philosophy/ hardy/cv.htm>. Acesso em: 20 nov. 2005.
HEIDEGGER, Martin. Being and time. New York: Harper & Row, 1962. . Que é metafísica: a preleção. São Paulo: Abril, 1973. (Pensadores). . Ser e tempo. 3a. ed. Trad. Márcia de Sá Cavalcante. Petrópolis: Vozes, 1993.
HESSEN, Johannes. Teoria do conhecimento. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
HUSSERL, Edmund. Ideas pertaining to a pure phenomenology and to a phenomenological philosophy. 2 vols. Trad. F. Kersten. The Hague: Martinus Nijhoff, 1982. . Meditações cartesianas: introdução à fenomenologia. São Paulo: Madras, 2001.
JÚNIOR, Nilo Ribeiro. A gênese da ética e da teologia na filosofia de Emmanuel Levinas. Tese (doutorado em teologia), Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus, Belo Horizonte, 1999.
KOSKY, Jeffrey L. Levinas and the philosophy of religion. Bloomington: Indiana University, 2001.
KUIAVA, Evaldo Antônio. Subjetividade transcendental e alteridade: um estudo sobre a questão do outro em Kant e Lévinas. Porto Alegre: Educs, 2003.
LALANDE, André. Vocabulário técnico e crítico da filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
LAUER, Quentin. Phenomenology: its genesis and prospect. New York e Evanston: Harper Torchbooks, 1965.
LLEWELYN, John. Emmanuel Levinas: the genealogy of ethics. London/New York: Routledge, 1995.
MALKA, Salomon. Entretien avec Emmanuel Lévinas. In: MALKA, Salomon. Lire Lévinas. Paris: Cerf, 1989.
MANNING, Robert John Sheffler. Interpreting otherwise than Heidegger: Emmanuel Lévinas’s ethics as first philosophy. Pittsburgh: Duquesne University, 1993.
MOSCATO, A. Semantica della trascendenza: note critiche su E. Levinas. In: MOSCATO, A. (org.) Levinas, filosofia e trascendenza. Genova: Marietti, 1992.
PELIZZOLI, Marcelo Luiz. O eu e a diferença: Husserl e Heidegger. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.
PEPERZAK, Adriaan Theodoor. Beyond the philosophy of Emmanuel Levinas. Evanston: Northwestern University, 1997. . To the other: an introduction to the philosophy of Emmanuel Levinas. West Lafayette: Purdue University, 1993.
PETROSINO, Silvano. La fenomenologia dell’unico: le tesi di Lévinas. In: LÉVINAS, Emmanuel. Totalità e infinito: Saggio Sull’Esteriorità. Milano: Jaca Book, 2000.
PLATÃO. A república. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1949. VI, 508 e 509b. . Filebo. In: GOLDSCHMIDT, Victor. Os diálogos de Platão: estrutura e método dialético. São Paulo: Loyola, 2002. . O banquete ou Do amor. Trad. J. Cavalcante de Souza. Rio de Janeiro: DIFEL, 2003.
SOKOLOWSKI, Robert. Introdução à fenomenologia. São Paulo: Loyola, 2004.
WESTPHAL, Merold. Levinas’s Teleological suspension of the religious. In: PEPERZAK, Adriaan Theodoor. Ethics as first philosophy: the significance of Emmanuel Levinas for philosophy, literature and religion. New York/London: Routledge, 1995.
WYSCHOGROD, Edith. Emmanuel Levinas: the problem of ethical metaphysics. New York: Fordham University, 2000.

Downloads

Publicado

2005-03-01

Como Citar

TUROZI DE OLIVEIRA, E. Ler Emmanuel Lévinas é pensar o para-além. Sacrilegens , [S. l.], v. 2, n. 1, p. 44–100, 2005. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/sacrilegens/article/view/26364. Acesso em: 29 mar. 2024.

Edição

Seção

Temática Livre