AVALIAÇÃO PSICOMÉTRICA DA VERSÃO EM PORTUGUÊS BRASILEIRO DO EATING DISORDER EXAMINATION QUESTIONNAIRE EM HOMENS ADULTOS CISGÊNEROS GAYS E BISSEXUAIS
Palavras-chave:
Psicometria, Transtornos da Alimentação e da Ingestão de Alimentos, Minorias Sexuais e de Gênero, BrasilResumo
Diversos estudos têm destacado que homens, de minoria sexual e de gênero apresentam risco elevado para transtornos alimentares, quando comparados aos seus pares heterossexuais. Contudo, um dos instrumentos mais utilizados para a avaliação
de atitudes e comportamentos alimentares transtornados, o Eating Disorder Examination Questionnaire (EDE-Q), ainda não teve suas propriedades psicométricas avaliadas em homens adultos brasileiros cisgêneros gays e bissexuais. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar as propriedades psicométricas da versão em português brasileiro do EDE-Q em uma amostra de homens cisgêneros gays e bissexuais brasileiros. Trata-se de uma pesquisa metodológica mista e sequencial, com enfoque psicométrico, no qual foram incluídos homens adultos cisgêneros gays e bissexuais do Brasil com idade entre 18 e 50 anos, de qualquer cor, raça ou etnia. Após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade do Google Forms, responderam a um questionário sociodemográfico, bem como instrumentos relacionados aos construtos de sinais e sintomas de transtornos alimentares, internalização da aparência ideal, dismorfia muscular, drive for muscularity, auto-objetificação e apreciação corporal. Ao final da coleta de dados, foi avaliada a validade fatorial e convergente, bem como a consistência interna e a estabilidade temporal do EDE-Q. Responderam à pesquisa 1.409 homens adultos gays e bissexuais, com uma média de idade de 26,96 anos (DP = 5,29 anos), e um valor de IMC médio de 25,99 kg/m2 (DP = 5,26). A estrutura fatorial do EDE-Q brasileiro foi avaliada por meio de uma abordagem de duas etapas, com amostra dividida a saber, análise fatorial exploratória (AFE; n = 704) e análise fatorial confirmatória (AFC; n = 705). Os resultados de uma AFE e AFC revelaram uma
estrutura unifatorial com 22 itens, suportando a validade fatorial do EDE-Q. Os escores do EDE-Q mostraram correlação forte e positiva com a auto-objetificação (rho = 0,56; p < 0,001) e internalização do ideal de corpo (rho = 0,50; p < 0,001). Ademais, os escores do EDE-Q apresentaram correlação moderada e positiva com os sintomas de dismorfia muscular (rho = 0,45; p < 0,001); bem como uma correlação de magnitude fraca e positiva com a drive for muscularity (rho = 0,22; p < 0,001). Por fim, observou-se correlação forte e negativa com a apreciação corporal (rho = - 0,62; p < 0,001). Tais correlações suportam a validade convergente do EDE- Q. Em relação à confiabilidade observou-se adequada consistência interna (ω de McDonald = 0,92, IC 95% = [0,91, 0,93]) e estabilidade temporal com intervalo de duas semanas (coeficiente de correlação intraclasse = 0,86, IC 95% = [0,82, 0,88], p < 0,001). Conclui-se que o EDE-Q apresentou bons indicadores psicométricos de validade e confiabilidade para a população de homens brasileiros cisgêneros gays e bissexuais. O presente estudo visa contribuir significativamente para a prática clínica e epidemiológica, disponibilizando um instrumento imprescindível para a avaliação dos sinais e sintomas de transtornos alimentares em uma população altamente estigmatizada.
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