O papel das coinfecções por helmintos e a deficiência de micronutrientes na transmissibilidade da hanseníase

Autores

  • Rodrigo de Paiva Souza
  • Katrina Skolove da Silva
  • Lucia Alves de Oliveira Fraga
  • Jessica Fairley
  • Jose Ferreira
  • Maria Aparecida Grossi
  • Lorena Bruna Pereira de Oliveira
  • Márcio Luís Moreira de Souza
  • Rosemary Ker e Lima
  • Marlucy Rodrigues Lima

DOI:

https://doi.org/10.34019/2179-3700.2019.v19.29913

Palavras-chave:

Hanseníase, Helmintos, Doenças negligenciadas, Coinfecções, Transmissibilidade

Resumo

Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa que se manifesta por meio de sinais e sintomas dermatoneurológicos. Apresenta alta taxa de prevalência e de detecção de casos novos em vários municípios do Brasil, com destaque para Governador Valadares, em Minas Gerais, e entorno. O estudo da hanseníase associada às helmintíases, especialmente à esquistossomose, torna-se relevante principalmente em zonas rurais, onde ocorre alta incidência dessa verminose. Além das parasitoses, a deficiência nutricional é também considerada um fator de risco para o desenvolvimento dessa doença. Sabe-se que as infecções crônicas por helmintos promovem alterações imunológicas que podem desencadear uma resposta do tipo Th2, e assim favorecer a infecção pelo M. leprae, tornando o indivíduo mais suscetível a desenvolver a forma virchowiana, considerada mais agressiva. Objetivo: investigar o papel de coinfecções parasitárias e deficiências de micronutrientes na transmissão e nas manifestações clínicas da hanseníase. Metodologia: a busca ativa de casos novos de hanseníase teve seu início no distrito rural de Limeira de Mantena (MG), e deu continuidade aos casos diagnosticados no Centro de Referência em Doenças Endêmicas e Programas Especiais (CREDEN-PES/SMS/GV). Em Limeira de Mantena, a comunidade foi convidada a participar de uma palestra sobre hanseníase, e após esclarecimentos sobre a doença, os indivíduos, de maneira voluntária, foram encaminhados para exame dermatoneurológico. Após diagnóstico clínico e coleta de material biológico para os ensaios laboratoriais, procedeu-se ao tratamento. Todos os contatos domiciliares dos pacientes foram agendados para consulta e exames. Foi aplicado questionário para obtenção de dados demográficos e socioeconômicos, e recordatório alimentar para complementar o estudo dos micronutrientes. Amostras de fezes foram solicitadas para realização do exame parasitológico e a coleta de sangue foi realizada para avaliação da produção de citocinas por células mononucleares do sangue periférico, para análise do perfil imunológico dos participantes. Resultado: resultados preliminares mostraram maior produção de IL-10 e menor produção de IFN-g pelos pacientes multibacilares (MB) comparados com indivíduos saudáveis. Exames parasitológicos de fezes apresentaram resultados positivos para S. mansoni, E. coli e. histolytica. Conclusão: as análises estatísticas dos dados obtidos estão em andamento. Vários casos de hanseníase diagnosticados como MB pela classificação operacional da OMS apresentaram infecção pelo S. mansoni.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BARRETO, J. G. et al. Spatial analysis spotlighting early childhood leprosy transmission in a hyperendemic municipality of the Brazilian Amazon region. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 8, n. 2, p. e2665, 2014.
CHATTERJEE, S.; NUTMAN, T. B. Helminth-induced immune regulation: implications for immune responses to tuberculosis. PLoSPathogens, v. 11, n. 1, p. e1004582, 2015.
CHATTERJEE, S. et al. Incidence of active pulmonary tuberculosis in patients with coincident filarial and/or intestinal helminth infections followed longitudinally in South India. PLoS One, v. 9, n. 4, p. e94603, 2014.
COLLEY, D. G.; SECOR, W. E. Immunology of human schistosomiasis. Parasite Immunology, v. 36, n. 8, p. 347-357, 2014.
DINIZ, L. M. et al. Do intestinal nematodes increase the risk for multibacillary leprosy?.The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 65, n. 6, p. 852-854, 2001.
DINIZ, L. M. et al. Presence of intestinal helminths decreases T helper type 1 responses in tuberculoid leprosy patients and may increase the risk for multi‐bacillary leprosy. Clinical & Experimental Immunology, v. 161, n. 1, p. 142-150, 2010.
FEENSTRA, S. G. et al. Recent food shortage is associated with leprosy disease in Bangladesh: a case-control study. PLoS Neglected Tropical Diseases, v. 5, n. 5, p. e1029, 2011.
GEORGE, P. G. et al. Modulation of mycobacterial-specific Th1 and Th17 cells in latent tuberculosis by coincident hookworm infection. J. Immunol v. 190, n. 10, p. 5161-5168. 2013.
KATZ, N. et al. A simple device for quantitative stool thick-smear technique in schistosomiasis mansoni. Rev Inst Med Trop São Paulo, v. 14, n. 6, p. 397-400, 1972.
LIMA, E. S. et al. Vitamin A and lipid peroxidation in patients with different forms of leprosy. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 49, n. 4, p. 211-214, 2007.
MAZINI O. S. et al. Gene Association with Leprosy: A Review of Published Data. Front Immunol, v. 6, p. 658, 12 jan. 2015.
PASSOS-VAZQUEZ, C. M. et al. Micronutrients influencing the immune response in leprosy. NutricionHospitalaria, v. 29, n. 1, 2014.
PROST, A. et al. Lepromatous leprosy and onchocerciasis. British Medical Journal, v. 1, n. 6163, p. 589, 1979.

Downloads

Publicado

2020-03-09

Como Citar

Souza, R. de P., da Silva, K. S., Fraga, L. A. de O., Fairley, J., Ferreira, J., Grossi, M. A., de Oliveira, L. B. P., de Souza, M. L. M., Ker e Lima, R., & Lima, M. R. (2020). O papel das coinfecções por helmintos e a deficiência de micronutrientes na transmissibilidade da hanseníase. Principia: Caminhos Da Iniciação Científica, 19(2), 12. https://doi.org/10.34019/2179-3700.2019.v19.29913

Edição

Seção

Artigos originais - Ciências da Saúde