Afinal, o que é a smart city? Hegemonia e representação na promessa de um futuro “smart”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-4070.2025.v19.47776

Palavras-chave:

smart cities, hegemonia, comunicação, cidades, TICs, discurso, revisão de literatura

Resumo

O artigo elabora uma discussão histórica sobre as smart cities com objetivo de entender qual é a constelação de significados que constitui o conceito de cidades inteligentes. As smart cities nascem de uma mudança das corporações produtoras de hardware e software para atuar no mercado em ascensão da consultoria de cidades. Para isso, essas companhias constroem um discurso de crise, onde a única salvação para as problemáticas urbanas estaria nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Partindo do pressuposto que a smart city é um significante vazio que opera dentro de uma hegemonia discursiva, formula-se uma revisão de literatura de artigos sobre a temática em banco de dados de periódicos nacionais e internacionais. Em seguida, analisou-se esses artigos sob a luz das quatro dimensões da hegemonia de Laclau (2000), para depois empreender uma análise discursiva de suas palavras-chave. Dessa forma, conclui-se que os termos que compõem essa miríade de significados apontam para uma cidade alinhada com a lógica economicista e produtivista e, para além disso, constituem eles próprios significantes vazios, demonstrando a talvez intencional ambiguidade por trás de suas representações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luana Bulcão

Doutora em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ. Realizando estágio pós-doutoral na ECO-UFRJ.

Referências

ANTHOPOULOS, L. G. Understanding the smart city domain: a literature review. In: BOLÍVAR-RODRÍGUEZ, M. P. Transforming city government for successful smart cities. New York City: Springer, 2015.

ARANTES, O. Uma estratégia fatal: a cultura das novas gestões urbanas. In: ARANTES, O.; VAINER, C.; MARICATO, E. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2013, p. 11-74.

BULCÃO, L. Do caos à crise: o vocabulário de crise na reforma urbana do Mercado São José e Camden Market. 2023. 201f. Tese (Doutorado em Comunicação e Cultura) – Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2023.

CALZADA, I. Smart city citizenship. Oxford: Elsevier, 2021.

CASERO, J. L. URABAYEN, J. Espacio, poder y gubernamentalidad: arquitectura y urbanismo en la obra de Foucault. Anales del Instituto de Investigaciones Estéticas, v. 40, n. 112, p. 181-212, 2018.

CGI. Comitê Gestor da Internet no Brasil. Desigualdades Digitais no Espaço Urbano: um estudo sobre o acesso e uso da Internet na cidade de São Paulo. Cadernos NIC.br. Estudos Setoriais: São Paulo, 2019.

CGI. Comitê Gestor da Internet no Brasil. 18% das prefeituras brasileiras possuem planos de “cidades inteligentes”, aponta pesquisa TIC Governo Eletrônico 2017, 2 maio 2018. Disponível em: https://tinyurl.com/zdnrbxwy. Acesso em: 2 ago. 2025.

CHOURABI, H. et al. Understanding smart cities: an integrative framework. In: HAWAII INTERNATIONAL CONFERENCE ON SYSTEM SCIENCES, 45th. Maui, HI, USA, 2012, p. 2289-2297.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

GIFFINGER, R; GUDRUN, H. Smart cities ranking: an effective instrument for the positioning of the cities? ACE: architecture, city and environment, v. 4, n. 12, p. 7-26, 2010.

GREENFIELD, A. Against the smart city. New York: Do projects, 2013.

LACLAU, E. Identity and Hegemony: the role of universality in the constitution of political logics. In: LACLAU, E.; BUTLER, J.; ZIZEK, S. Contigency, Hegemony, Universality: contemporary dialogues on the left. London: Verso, 2000. p. 44-89.

LAI, C. S. et al. A review of technical standards for smart cities. Clean Technologies, v. 2, p. 290-310, ago. 2020.

MOROZOV, E.; BRIA, F. A cidade inteligente: tecnologias urbanas e democracia. São Paulo: Ubu Editora, 2021.

MOURA, F; DE ABREU E SILVA, J. Smart city: definitions, evolution of the concept, and examples of initiatives. In: FILHO, W. L (Ed.). Encyclopedia of the UM sustainable development goals. Berlim: Springer, 2019.

OBERG, C. et al. Smart cities: A literature review and business network approach discussion on the management of organisations. IMP Journal, v. 11, n. 3, p. 468-484, 2015.

ONU. Organização das Nações Unidas (2015). Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para Desenvolvimento Sustentável. Resolução A/RES/70/1.

ROY, A. City Requiem, Calcutta: gender and the politics of poverty. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2003.

ROY, A. Slumdogs cities: rethinkg subaltern urbanismo. Internacional Journal of Urban and Regional Research, v. 35, n. 2, p. 223-238, mar 2011.

RUDOLF, G. et al. Smart cities: ranking of European medium-sized cities. Rapport Technique, Viena Centre of Regional Science, 2007.

SÖDERSTRÖM, O. KLAUSER, F. Smart cities as corporate storytelling. City: analysis of urban trends, culture, theory, policy, action, v. 18, n. 3, p. 307-320, jun. 2014.

TOWNSEND, A. M. Smart cities: big data, civic hackers, and the quest for a new utopia. Nova Iorque: Norton & Company, 2014.

VAINER, C. Pátria, empresa e mercadoria: notas sobre a estratégia discursiva do Planejamento Estratégico Urbano. In: ARANTES, O.; VAINER, C.; MARICATO, E. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 75-103. 2013. p. 75-103.

Downloads

Publicado

2025-08-30

Como Citar

BULCÃO, . L. Afinal, o que é a smart city? Hegemonia e representação na promessa de um futuro “smart”. Lumina, [S. l.], v. 19, n. 2, p. 148–166, 2025. DOI: 10.34019/1981-4070.2025.v19.47776. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/47776. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos