O cercadinho começa aqui: o ódio e a construção mítica de Bolsonaro no Pânico na Band
Palavras-chave:
Televisão, Discurso de ódio, Bolsonarismo, Análise de Conteúdo, Pânico na BandResumo
A televisão aberta desempenhou um papel fundamental na ascensão da extrema direita no Brasil, especialmente através da sua capacidade de moldar a opinião pública e disseminar ideologias. Este artigo se concentra na análise do quadro “Mitadas do Bolsonabo”, exibido no programa humorístico Pânico na Band entre março e dezembro de 2017. O objetivo é refletir sobre as estratégias utilizadas para construir a imagem mítica do então candidato à presidência, Jair Messias Bolsonaro, que governou de 2018 a 2022. Nossa pesquisa investiga como o personagem humorístico contribuiu para a naturalização da retórica odiosa de Bolsonaro, cujas ideias e discursos reverberaram na comunicação política durante seu mandato. Para alcançar esses objetivos, realizamos dois levantamentos: o primeiro abrangeu as participações e menções do candidato nos canais Band, RedeTV! e SBT, enquanto o segundo envolveu uma análise sistemática, utilizando o software ATLAS.ti, de dez edições do “Mitadas do Bolsonabo”, escolhidas aleatoriamente, para identificar os temas mais recorrentes. Os resultados revelaram uma forte presença de discursos de ódio relacionados a gênero, raça e classe, além da consolidação de uma marca mítica, conforme o conceito proposto por Roland Barthes (2001), evidenciando que o quadro funcionou como uma eficaz peça de propaganda política.
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