A imagem transgressora da ninfa amazônica: fotografia e outros modos de ver
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2024.v18.42294Palavras-chave:
Vênus, Ninfa, Imagem, Gênero, RaçaResumo
O objetivo do texto é explorar deslocamentos estéticos e políticos que atravessam uma das principais imagens do ensaio fotográfico em que a artista paraense Leona Vingativa encarna a figura mitológica da tela O nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli. Sob as lentes do fotógrafo Jonas Amador e com edição de arte de Rafa Cardoso, uma travesti, negra, amazônida, lasciva e debochada toma a forma, a intensidade e o lugar sacralizado da ninfa Vênus. Interessa-nos observar essa imagem enquanto gesto transgressor, no qual a representação da deusa da beleza é transfigurada a partir de outros modos de ver, mostrar e aparecer, em contraposição aos imaginários hegemônicos racializados do belo e do desejo. A artista paraense evoca uma imagem transgressora da ninfa, centrada na própria sobrevivência de uma travesti negra, alçada ao lugar de divindade de beleza exuberante, forma sintomática do desejo persistente de existir frente às opressões. A fotografia de Leona Vingativa levanta um conjunto extenso de dilemas, nos quais o corpo da mulher trans figura entre a abjeção e a beleza, a nudez e o pudor, o desejo e a inocência, a violência e a sobrevivência.
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