Inputs, outputs e feedbacks: a centralidade da memória cibernética em Vilém Flusser
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2023.v17.40247Palavras-chave:
Comunicação, Memória, Arte, Cultura digital, HistóriaResumo
Não obstante a enorme diversidade de tópicos e problemas abordados na obra de Vilém Flusser, a questão da memória funciona como uma espécie de portal por meio do qual se pode acessar esses diferentes problemas. O objetivo deste artigo é examinar a centralidade do conceito cibernético de memória em Flusser, com destaque particular para suas implicações na arte e na comunicação. Ao entender a cultura como mecanismo de produção, processamento e consumo de informações, o filósofo de Praga articula seu pensamento a partir do confronto entre registro e inovação. Se a arte, por exemplo, é contínua produção do novo, ela funciona também, necessariamente, como suporte para a inscrição e transmissão de informação a gerações futuras. Com isso, o processo central de toda cultura (como da própria vida) é o combate à entropia. A memória representa, assim, não apenas uma necessidade de ordem cibernética, senão também uma tarefa espiritual, enraizada na experiência judaica de mundo e traduzida no termo hebraico zakhor (“lembrar”) - a importância de não esquecer o passado e transmiti-lo à humanidade do porvir. Em Flusser, esse mandamento se torna um princípio fundamental do diálogo e da intersubjetividade: “nós sobreviveremos na memória dos outros”.
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