Tensionamentos discursivos da infertilidade masculina: bioprodutos, cuidados de si e engajamento moral na paternidade ativa desde a concepção
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2022.v16.34047Palavras-chave:
Comunicação, Consumo, Fertilidade, Masculinidade, Tecnologias ReprodutivasResumo
A partir do pressuposto de que homens e mulheres são convocados para o consumo das tecnologias reprodutivas de formas diferenciais, o artigo tem como objetivo discutir como a infertilidade masculina é discursivamente construída pela imprensa e pelos materiais de divulgação das clínicas de fertilidade brasileiros, em uma busca realizada em seus respectivos sites em 2021. A partir dos pressupostos metodológicos da Análise do Discurso, é possível observar que o mercado das tecnologias reprodutivas para os homens é mediado por meio de três vertentes discursivas relacionadas: (1) aos elementos defeituosos do corpo como passíveis de uma intervenção médica socialmente legitimada, que traz subjacente uma responsabilização do indivíduo que deve buscar transformar o biológico em bioprodutos; (2) uma orientação para a vida saudável por intermédio de um discurso do cuidado de si vinculado ao engajamento moral do sujeito na paternidade; e (3) no discurso sobre o envolvimento em práticas vinculadas a um “reproempreendedorismo” de sucesso, que espelha o sonho de ter filhos a outros elementos de êxito na vida. Transversalizadas por discursos neoliberais, tais materializações comunicacionais encontram reverberações em demandas relacionadas a formas mais ativas de paternidade desde a concepção urdindo-as a imperativos da masculinidade hegemônica.
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