Referências em série: memes e intertextualidade em fandoms de narrativas seriadas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-4070.2021.v15.31161

Palavras-chave:

Estudos de televisão, Séries televisivas, Comunidades de fãs, Memes, Intertextualidade

Resumo

As séries televisivas estadunidenses circulam no Brasil há bastante tempo. Contudo, nos últimos vinte anos, observa-se uma mudança no status de legitimidade dessas produções estrangeiras. Em decorrência disso, há a emergência de inúmeras comunidades de fãs voltadas para essas produções. Assim como em outros fandoms, os fãs de narrativas seriadas produzem variados tipos de materiais, como fanfics, fanarts e memes de internet. A partir disso, este artigo tem como objetivo investigar quais são as semelhanças e as diferenças que memes circulados em fandoms de narrativas seriadas distintas carregam entre si. Para isso, foi realizada uma pesquisa de inspiração etnográfica em três comunidades de fãs, cada uma voltada para uma série diferente. Entre junho de 2018 e maio de 2019, os memes circulados pelos sujeitos dentro dos fandoms foram observados, buscando identificar aqueles que apresentavam referências intertextuais com elementos de outras narrativas seriadas. Argumenta-se que os memes seriam uma importante ferramenta para a circulação das ficções seriadas estadunidenses no Brasil e para as dinâmicas de sociabilidade dos fãs brasileiros, contribuindo para a expansão do universo narrativo e influenciando a experiência do consumo midiático. Por fim, constata-se um intenso uso de intertextualidade, embora as produções midiáticas referenciadas nas três comunidades sejam distintas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniel Rios, Universidade Federal Fluminense

Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (PPGCOM-UFF). 

Referências

ALMEIDA, Melissa. Memes na TV social: uma proposta de taxonomia. Esferas, n. 16, p.99-109, 2020. Disponível em: <https://portalrevistas.ucb.br/index.php/esf/article/view/10975/6772>. Acesso em: 28 jun. 2020.

AMARAL, Adriana; VIEIRA SOUZA, Rosana; MONTEIRO, Camila. “De westeros no #vemprarua à shippagem do beijo gay na TV brasileira”. Ativismo de fãs: conceitos, resistências e práticas na cultura digital. Galáxia, n. 29, p. 141-154, 2015. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/1982-25542015120250>. Acesso em: 28 jun. 2020.

ANDREJEVIC, Mark. Watching television without pity: The productivity of online fans. Television & New Media, v. 9, n. 1, p. 24-46, 2008. Disponível em: < https://doi.org/10.1177/1527476407307241>. Acesso em: 28 jun. 2020.

BAYM, Nancy K. The new shape of online community: The example of Swedish independent music fandom. First Monday, v. 12, n. 8, 2007. Disponível em: < https://doi.org/10.5210/fm.v12i8.1978>. Acesso em: 28 jun. 2020.

BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp, 2007.

CAMPANELLA, Bruno. Os olhos do grande irmão: uma etnografia dos fãs do Big Brother Brasil. Editora Sulina, 2012.

CASTELLANO, Mayka; MEIMARIDIS, Melina. Netflix, discursos de distinção e os novos modelos de produção televisiva. Contemporânea-Revista de Comunicação e Cultura, v. 14, n. 2, p. 193-209, 2016. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.9771/1809-9386contemporanea.v14i2.16398>. Acesso em: 28 jun. 2020.

CASTELLANO, Mayka; MEIMARIDIS, Melina. Produção televisiva e instrumentalização da nostalgia: o caso Netflix. Revista GEMInIS, v. 8, n. 1, p. 60-86, 2017. Disponível em: <http://www.revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis/article/view/281>. Acesso em: 28 jun. 2020.

CHAGAS, Viktor. A cultura dos memes: aspectos sociológicos e dimensões políticas de um fenômeno do mundo digital. Salvador: EDUFBA, 2020.

DAVISON, Patrick. The language of internet memes. In: MANDIBERG, Michael (ed.). The social media reader. New York: NYU Press, 2012, p. 120-134.

DAWKINS, Richard. The selfish gene. Oxford: OUP, 1976.

FREIRE FILHO, João. Reinvenções da resistência juvenil: os estudos culturais e as micropolíticas do cotidiano. Rio de Janeiro: Mauad, 2007.

GENETTE, Gérard. Palimpsestos: a literatura de segunda mão. Belo Horizonte: Faculdade de Letras/UFMG, 2006.

GOLDBERG, Lesley. Peak TV Update: Scripted Originals Top 500 in 2019, FX Says. The Hollywood Reporter, 9 jan. 2020. Disponível em: <https://www.hollywoodreporter.com/live-feed/peak-tv-update-scripted-originals-set-record-2019-1266256>. Acesso: 24 jun. 2020.

GOMES, Laura Graziela. Novas tendências e desafios metodológicos nos estudos de consumo midiático. In: CAMPANELLA, Bruno; BARROS, Carla (orgs.). Etnografia e consumo midiático: novas tendências e desafios metodológicos. Rio de Janeiro: E-papers, 2016, p. 69-95.

GRAY, Jonathan. Show sold separately: Promos, spoilers, and other media paratexts. New York: NYU Press, 2010.

JENKINS, Henry. Textual Poachers: Television Fans and Participatory Culture. New York: Routledge, 1992.

JENKINS, Henry. Convergence culture: where old and new media collide. New York: New York University, 2006.

JOST, François. Do que as séries americanas são sintoma? Porto Alegre: Sulina, 2012.

KIM, Yaeri. The invention of the Mideu: redefining American television in South Korea. Media, Culture & Society, v. 42, n. 1, p. 109-125, 2020. Disponível em: <https://doi.org/10.1177/0163443719846611>. Acesso em 28 jun. 2020.

KNOBEL, Michele; LANKSHEAR, Colin. Memes on-line, afinidades e produção cultural. In: CHAGAS, Viktor (org.). A cultura dos memes: aspectos sociológicos e dimensões políticas de um fenômeno do mundo digital. Salvador: EDUFBA, 2020, p. 85-126.

LAMERICHS, Nicolle; NGUYEN, Dennis; MELGUIZO, Mari Carmen Puerta; RADOJEVIC, Radmila. Elite male bodies: The circulation of alt-Right memes and the framing of politicians on Social Media. Participations, v. 15, n.1, p. 180-206, 2018. Disponível em: <https://www.participations.org/Volume%2015/Issue%201/11.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2020.

LITTLETON, Cynthia. Fantasy sits on ‘Thrones’. Variety, 11 nov. 2008. Disponível em: <https://variety.com/2008/scene/markets-festivals/fantasy-sits-on-thrones-1117995693/>. Acesso em: 24 jun. 2020.

LOTZ, Amanda D. The television will be revolutionized. Nova York: NYU Press, 2014.

MAIO, Barbara. La terza golden age della televisione: autorialità, generi, modelli produttivi. Cantalupo in Sabina: Edizioni Sabinae. 2009.

MEIMARIDIS, Melina; OLIVEIRA, Thaiane. Vingar e punir: motivações para a prática do spoiling. Comunicação, Mídia e Consumo, v. 15, n. 44, p. 509-530, set./dez. 2018. Disponível em: <http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/article/view/1632>. Acesso em: 28 jun. 2020.

MILNER, Ryan. The world made meme: Public conversations and participatory media. Cambridge: MIT Press. 2016.

SÁ, Vanessa M. Práticas digitais, níveis de envolvimento e pirataria: Um estudo sobre a recepção e distribuição informal de seriados de televisão no Brasil. E-compós, v.17, n.2, p.1-18, 2014. Disponível em: <https://e-compos.org.br/e-compos/article/view/1030/0>. Acesso em: 28 jun. 2020.

NEWMAN, Michael Z.; LEVINE, Elana. Legitimating television: Media convergence and cultural status. New York: Routledge, 2012.

PAZ, João. Há dez anos, Record usou CSI no horário nobre para frear séries americanas no SBT. Notícias da TV, 14 jun. 2020. Disponível em: <https://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/series/ha-dez-anos-record-usou-csi-no-horario-nobre-para-frear-series-americanas-no-sbt-37901>. Acesso em: 24 jun. 2020.

PEARSON, Roberta. Fandom in the digital era. Popular Communication, v. 8, n. 1, p. 84-95, 2010. Disponível em: <https://doi.org/10.1080/15405700903502346>. Acesso em: 28 jun. 2020.

PHILLIPS, Whitney. This is why we can't have nice things: Mapping the relationship between online trolling and mainstream culture. Cambridge: Mit Press, 2015.

RECORD recupera séries policiais no horário nobre. Folha de S.Paulo, São Paulo, 22 jul. 1990. Disponível em: <https://acervo.folha.com.br/leitor.do?numero=11030&keyword=enlatados&anchor=4908051&origem=busca&pd=e2af91b14bd18b5a77457b0407143e8a>. Acesso em: 24 jun. 2020.

ROSS, Sharon Marie. Beyond the box: Television and the Internet. Hoboken: Wiley-Blackwell, 2008.

SANDVOSS, Cornel. Quando estrutura e agência se encontram: os fãs e o poder. C-Legenda-Revista do Programa de Pós-graduação em Cinema e Audiovisual, n. 28, p. 08-41, 2013. Disponível em: <https://periodicos.uff.br/ciberlegenda/article/view/36927>. Acesso em: 28 jun. 2020.

SILVA, Marcel V. B. Cultura das séries: forma, contexto e consumo de ficção seriada na contemporaneidade. Galáxia, n. 27, p. 241-252, 2014. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/article/view/15810>. Acesso em: 28 jun. 2020.

SHIFMAN, Limor. Memes in digital culture. Cambridge: MIT Press, 2014.

STEIN, Louisa; BUSSE, Kristina. Limit play: Fan authorship between source text, intertext, and context. Popular Communication, v. 7, n. 4, p. 192-207, 2009. Disponível em: <https://doi.org/10.1080/15405700903177545>. Acesso em: 28 jun. 2020.

STRAUBHAAR, Joseph D.; DUARTE, Luiz G. Adapting US transnational television channels to a complex world: From cultural imperialism to localization to hybridization. In: CHALABY, Jean K. (ed.). Transnational television worldwide: Towards a new media order. New York: Palgrave Macmillan, 2005, p. 216-240.

THORNTON, Sarah. Club Cultures: music, media and subcultural capital. Oxford: Polity, 1996.

Downloads

Publicado

2021-05-05

Como Citar

RIOS, D. Referências em série: memes e intertextualidade em fandoms de narrativas seriadas. Lumina, [S. l.], v. 15, n. 1, p. 143–164, 2021. DOI: 10.34019/1981-4070.2021.v15.31161. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/31161. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos