Escravidão a cores: aproximação, reconhecimento e acolhimento da humanidade dos sujeitos negros na obra de Marina Amaral
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2020.v14.30092Palavras-chave:
Fotografia, Apropriação, Negritude, Escravidão, AntirracismoResumo
Este artigo toma para análise o trabalho In Color: Slavery in Brazil, 1869, da colorista Marina Amaral para observar de que maneira o gesto de apropriação da artista ressignifica os arquivos da escravidão brasileira, mais precisamente os tipos fotográficos feitos por Alberto Henschel. Parte-se do entendimento de que as imagens de Henschel (e de outros fotógrafos da época que apontavam suas câmeras para mulheres e homens negros) são assinaladas por uma lógica tipificadora que perpassa não apenas sua produção, mas seu consumo, no passado e no presente. Nessa acepção, os novos sentidos que são alcançados com o projeto da artista só podem emergir da ruptura com esse estatuto. Para isso, Amaral recorre à colorização e à montagem das fotografias de maneira que convida o espectador a enxergá-las de outro modo, distanciado daquele que é o cerne da representação das pessoas negras escravizadas: a ideia de Outro, peculiar, diferente e estranho. O que a colorista propõe, em direção contrária, é fazê-las aparecer nas fotos a partir de sua natureza humana. Trata-se, defende-se aqui, de uma ação de caráter estético amplo, de teor político – essencialmente antirracista.
Downloads
Referências
AMARAL, Marina. In color: slavery in Brazil, 1869. Marina Amaral’s website, 23 set. 2019. Disponível em: https://marinamaral.com/in-color-slavery-in-brazil-1869. Acesso em: 2 mar. 2020.
AZOULAY, Ariella. Desaprendendo momentos decisivos. Zum, n. 17, p: 117-137, 2019.
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito da História. In: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BRIZUELA, Natália. Fotografia e império: paisagens para um Brasil moderno. São Paulo: Companhia das Letras/Instituto Moreira Sales, 2012.
CARDIM, Mônica. Identidade branca e diferença negra: Alberto Henschel e a representação do negro no Brasil do século XIX. Tese (Programa de Pós-Graduação em Estética e História da Arte). São Paulos: USP, 2012. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/93/93131/tde-01072014-123956/pt-br.php. Acesso em: 19 mar. 2020.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.
hooks, bell. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019 .
hooks, bell. Yearning: race, gender and cultural politics. Boston: South End Press, 1990.
KILOMBA, Grada. Memórias de plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2019.
KOSSOY, Boris. Dicionário historiográfico-fotográfico brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.
KOUTSOUKOS, Sandra Sofia. No estúdio do fotógrafo: representação e auto-representação de negros livres, forros e escravos no Brasil da segunda metade do século XIX. Tese (Programa de Pós-Graduação em Multimeios). Campinas: Unicamp, 2006. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/285033. Acesso em: 19 mar. 2020.
NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: um processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
PULS, Mauricio. Cor ou preto e branco? Razões de uma escolha. Zum, 11 mar, Online, 2016. Disponível em: https://revistazum.com.br/radar/cor-ou-pb. Acesso em: 23 mar. 2020.
RANCIÈRE, Jacques. Política da arte. Urdimento, v. 1, n. 15, p: 45-59, 2010. Disponível em http://www.revistas.udesc.br/index.php/urdimento/issue/view/348. Acesso em: 26 mar. 2020.
SANTOS, Ana Carolina Lima; TEIXEIRA, Rafael Tassi. Do passado ao presente, do preto e branco à cor: restituições da memória de Auschwitz. E-Compós, v. 23, p. 1-25, 2020. Disponível em: https://www.e-compos.org.br/e-compos/article/view/1925. Acesso em: 26 mar. 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).