“A maior das dores”: O luto de mães no espaço público

Autores

  • Aline Ferreira de Faria Université du Québec à Montréal (UQÀM)
  • Kátia Lerner Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)

DOI:

https://doi.org/10.34019/1981-4070.2018.v12.21519

Palavras-chave:

sofrimento, perda, vítima, rede de apoio, luta política

Resumo

O sofrimento apresenta grande visibilidade na esfera pública contemporânea, especialmente pela emergência de novos espaços de comunicabilidade, como a Internet, e pelo surgimento de uma nova economia moral das emoções. Ele é apreendido na presente pesquisa como uma categoria social, seguindo uma abordagem socioantropológica, que se debruça sobre os sentidos sociais das emoções. O objeto de estudo são mães que perderam filhos e expõem sua dor no espaço público, através da criação de blogs, páginas no Facebook, de livros e da articulação de movimentos, em torno da reivindicação por justiça. Foram realizadas entrevistas, com base em roteiros semiestruturados, com seis mães e um pai, sendo elas conduzidas a partir de um olhar etnográfico. O objetivo geral deste artigo é a compreensão dos modos de comunicação do sofrimento das mães que perderam filhos. Mais especificamente, buscou-se analisar como se constrói o sofrimento no espaço público e quais são as estratégias acionadas pelas mães para lidar com o luto. Os resultados apontaram para a formação de redes de apoio e para a luta política como formas de gestão do sofrimento, de modo a construir as figuras da vítima no espaço público, com base na legitimidade do sofrer.

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Biografia do Autor

Aline Ferreira de Faria, Université du Québec à Montréal (UQÀM)

Doutoranda em Comunicação pela Université du Québec à Montréal (UQÀM). Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Graduada em Comunicação Social, habilitação em jornalismo, pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Realiza pesquisa na área de comunicação e saúde. Iniciou os estudos nesse campo com a temática da saúde mental, através de pesquisas sobre o primeiro documentário da trilogia "Imagens do Inconsciente", do cineasta Leon Hirszman. Em 2013, produziu quatro programas de rádio juntamente com usuários da rede de saúde mental da cidade de Juiz de Fora, sendo este o tema do Trabalho de Conclusão de Curso na graduação. Em 2014, trabalhou no Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces), do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), na Fiocruz. No mestrado, pesquisou a exposição no espaço público do sofrimento de mães que perderam filhos. Atualmente, estuda, no âmbito do doutorado, a construção e a apropriação de informações online sobre os medicamentos ansiolíticos.

Kátia Lerner, Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz)

Possui graduação em sociologia pela Pontifícia Católica do Rio de Janeiro (1991), mestrado em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1996), doutorado em Sociologia e Antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004) com doutorado sanduíche em sociologia pela University of California/Los Angeles (2001) e pós-doutorado em Comunicação pela Escola de Comunicação da UFRJ (2013-2015). Atualmente é pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, onde coordena o Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde. É Vice-Líder do Grupo de Pesquisa do CNPq Comunicação e Saúde e coordenadora do GP Comunicação, Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente da Intercom . É autora do livro Memórias da dor: coleções e narrativas do Holocausto (Brasília: IBRAM, 2013), originado de sua tese de doutorado que ganhou o prêmio Mario de Andrade (2008). Organizou, junto com Igor Sacramento, a coletânea Saúde e Jornalismo: interfaces contemporâneas (Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2014), finalista do Prêmio Jabuti de 2015 na categoria comunicação. Tem experiência nas áreas de comunicação, saúde e antropologia, atuando em temas ligados a memória, identidade social, mídia,corpo, doença, medicalização e narrativas biográficas.

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Publicado

2018-08-30

Como Citar

FARIA, A. F. de; LERNER, K. “A maior das dores”: O luto de mães no espaço público. Lumina, [S. l.], v. 12, n. 2, p. 118–135, 2018. DOI: 10.34019/1981-4070.2018.v12.21519. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/lumina/article/view/21519. Acesso em: 23 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Comunicação, Condição da Vítima e Políticas de Sofrimento