Análise cultural-midiática no telejornalismo do Oeste Catarinense: A (re)configuração das identidades regionais
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2019.v13.21458Palavras-chave:
identidade, análise cultural-midiática, telejornalismoResumo
Este trabalho busca perceber como dois telejornais do meio dia de Chapecó – Santa Catarina, representam os sujeitos e suas interações da região Oeste do referido Estado em seus textos, contribuindo para (re)configurar uma identidade regional. A incidência da globalização no contexto histórico, político e cultural torna a região uma zona de tensão identitária. Neste sentido, buscamos nos Estudos Culturais suporte teórico e metodológico para realizar uma análise cultural-midiática que desse conta do nosso propósito investigativo. Para uma análise de ordem qualitativa, utilizamos como operador analítico a análise textual (CASETTI e CHIO, 1999), aplicada aos textos produzidos pelos sujeitos dos dois telejornais. Pudemos perceber a diferença das representações entre os telejornais, assim como a forte representação da região a partir de Chapecó e dos chapecoenses, assim como a presença de traços da cultura gaúcha contrastando com a exclusão de certos aspectos culturais de outras regiões do estado de Santa Catarina.
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Referências
- Foi criada em 1979 a Fundação Catarinense de Cultura - FCC com intuito de gerar estratégias e ações para estimular a promoção da memória e a produção artística catarinense (SAYÃO, 2004).
- Regiões em que os mapas que outrora ordenavam o espaço e davam sentido global aos comportamentos estão agora, como descreve Canclini (1997), se desvanecendo.
- O texto televisivo deve ser visto como um evento que ocorre dentro de um espaço e tempo determinados (CASETTI e CHIO, 1999). Carregado de sentido histórico, geográfico, cultural e social, o texto possui propriedades únicas que condicionam sua existência. Raymond Williams (1979) concebe a televisão como uma tecnologia e uma forma cultural, e o jornalismo como uma instituição social. A concepção de cultura de Williams (1979) para os Estudos Culturais será norteadora neste trabalho, justamente por compreendê-la como todo um modo de vida, presente na sociedade e também nas instituições, como a imprensa.
- Pretendemos promover uma análise cultural-midiática, seguindo o conceito do materialismo cultural de Williams (1979), entendendo os produtos midiáticos como artefatos culturais, não como produtos, mas como ações sociais. A posição do materialismo cultural muda não só o que se olha, o objeto, mas como se olha. Assim, o produto da cultura não é visto como “objeto”, mas como prática social (CEVASCO, 2001).
- Williams (2011), como estudioso da literatura, afirma que cada obra carrega consigo traços das condições em que foi constituída, gerando um sentido próprio, imbuído de elementos culturais de determinado espaço/tempo.
- Para Williams (2011), a noção de cultura se coloca como uma espécie de resposta aos acontecimentos que vivemos e, como um esforço por compreender, interpretar e apreciar as mudanças provocadas na sociedade.
- Segundo o autor, é necessário que esses elementos complexos sejam analisados em sua totalidade social, tanto as trocas gerais como os laços locais (WILLIAMS, 1992)
- Haesbaert (2007) acredita que território e territorialidade devem sempre ser tratados pelas relações de poder exercidas sobre eles, se fazendo necessário distinguir aqueles que o constroem (indivíduos, grupos sociais/culturais, o Estado, empresas, instituições como a Igreja e etc.).
- Muniz Sodré (1988, p.23) traz dois conceitos que dão base a este artigo; território e territorialização, e que comungam com as concepções de Haesbaert (2007), mas sob uma abordagem mais cultural. Para o autor, território é o “[...] lugar marcado de um jogo, que se entende em sentido amplo como a protoforma de qualquer cultura: sistemas de regras de movimentação humana e de um grupo, horizonte de relacionamento com o real”. A territorialização é “a força de apropriação exclusiva de um espaço e que resulta de um ordenamento simbólico, sendo capaz de engendrar regimes de relacionamento, relações de proximidade e distância” (SODRÉ, 1988, p.14-15).
- Ao analisar a questão da formação da identidade nacional, estabelecida e dependente para muitos grupos sociais sob determinados territórios, Hall (2006, p.51) afirma que “[...] as culturas nacionais, ao produzir sentidos sobre nação, constroem identidades”.
- Sodré (1999) estabelece um paralelo sobre a constituição de identidade afirmando que até mesmo o estabelecimento de um idioma em específico para cada uma das nações acaba por contribuir para a formação da identidade de cada uma delas.
- O fator territorial está incluso na lista de matérias-primas que o autor Manuel Castells (1999) acredita contribuir para a constituição da identidade fornecida pela história, geografia, biologia, instituições produtivas e reprodutivas pela memória coletiva e por fantasias pessoais, pelos aparatos de poder e revelações de cunho religioso.
- Castells (1999) afirma que, por si só, ambientes locais não induzem um padrão específico de comportamento ou identidade distinta.
- Na era da sociedade em rede, os sujeitos, se e quando construídos, não são mais formados com base na sociedade civil, que segundo Castells (1999) vem se deteriorando.
- Os autores Casetti e Chio (1999) entendem que a televisão não reproduz a realidade, mas a recria produzindo significados a partir de um sistema de regras que estão direta e indiretamente conectados aos elementos culturais presentes no modo de vida dos sujeitos e de sociedades.
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