Memória, verdade e justiça: o Projeto Brasil Nunca Mais e a comunicação alternativa nos anos de chumbo no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.34019/1981-4070.2014.v8.21143Palavras-chave:
Memória, Ditadura civil-militar, comunicação alternativa, mídias, Brasil Nunca Mais.Resumo
Este trabalho se dedica ao estudo da significação dos processos de comunicação alternativa em prol da memória, da verdade e da justiça referentes ao período da ditadura civil-militar no Brasil, com especial ao Projeto Brasil: Nunca Mais (BNM). O BNM, concretizado por meio de várias formas de comunicação, foi realizado no início dos anos 1980, articulado por um grupo de advogados e coordenado pelo arcebispo da Arquidiocese Católica de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns e pelo pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil James Wright, com apoio financeiro da organização ecumênica internacional Conselho Mundial de Igrejas. Para realizar este estudo foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: (1) levantamento bibliográfico sobre a relação entre memória e comunicação na busca do sentido do projeto BNM; sobre os conceitos de comunicação alternativa e contrainformação construídos nos anos 1970-1980; sobre a história do Projeto Brasil: Nunca Mais; (2) pesquisa documental no acervo do Projeto BNM, disponível no website Brasil: Nunca Mais Digit@l, e no acervo de documentos, entrevistas e depoimentos do website da Comissão Nacional da Verdade. O BNM é considerado a primeira Comissão Nacional da Verdade do Brasil, tendo sido uma expressão de comunicação alternativa com o objetivo de propagar/denunciar os casos de tortura nas prisões do regime ditatorial e outros detalhes das violências sofridas, inclusive nomes de perpetradores. O projeto gerou um acervo composto essencialmente de cópias dos processos judiciais que tramitaram no Superior Tribunal Militar (STM), movidos contra presos políticos, foi publicado, em versão resumida, em livro e, atualmente, está disponível, na íntegra, na internet.
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