v. 27 n. 2 (2021): O dia que mudou o mundo? O 11 de Setembro 20 anos depois
Dossiê

A construção política da guerra global ao terror: para além do 11 de Setembro

Mariana Bernussi
PUC-SP e Universidade Anhembi Morumbi

Publicado 2021-09-10

Palavras-chave

  • Terrorismo,
  • Contraterrorismo,
  • Ameaça

Como Citar

Bernussi, Mariana. 2021. “A construção política Da Guerra Global Ao Terror: Para além Do 11 De Setembro”. Locus: Revista De História 27 (2):98-122. https://doi.org/10.34019/2594-8296.2021.v27.33716.

Resumo

O presente artigo argumenta que a guerra global ao terror, que caracterizou os últimos 20 anos desde o 11 de setembro, não pode ser analisada como um fenômeno único, excepcional e desconectado de um processo histórico mais amplo. Nesse sentido, o estudo procura compreender como se deu historicamente a inserção do terrorismo na agenda de segurança internacional, além de analisar a construção política do terrorismo enquanto uma ameaça e do contraterrorismo como uma resposta urgente, atentando para os atores interessados e embates políticos acerca do tema, em especial desde os anos 1970. Parte-se do entendimento que terrorismo e contraterrorismo não são fenômenos naturais, mas construções simbólicas, e como tal devem ser compreendidas como resultado de forças institucionais, ideias e capacidades materiais em determinado tempo e espaço. Os resultados apontam que a permanente redefinição de limites que caracteriza o terrorismo e o contraterrorismo teria menos ligação com os eventos do 11 de setembro, mas está diretamente relacionada ao processo de construção de ameaças e da prática de criminalização do “outro”, contra o qual se legitima o emprego de todo tipo de violência. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

  1. Amoore, Louise, e Marieke De Goede. Risk and the War on Terror. New York: Routledge, 2008. https://doi.org/10.4324/9780203927700
  2. Aron, Raymond. Paz e guerra entre as nações. Brasília: Editora UNB, 2002.
  3. Barber, Chris. “The Dawn of American Counterterrorism Policy”. Nixon Foundation, 6 de setembro de 2016. Disponível em: https://www.nixonfoundation.org/2016/09/the-dawn-of-american-counterterrorism-policy/.
  4. Booth, Ken, e Tim Dunne. Terror in our Time. Abingdon: Routledge, 2012. https://doi.org/10.4324/9780203697252
  5. Brant, Leonardo Nemer Caldeira, ed. Terrorismo e direito: os impactos do terrorismo na comunidade internacional e no Brasil. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
  6. Callegari, André Luís et al., ed. O crime de terrorismo: reflexões críticas e comentários à Lei de Terrorismo de acordo com a Lei N.13.260/2016. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2016.
  7. Cox, Robert. “Social Forces, States and World Orders: Beyond International Relations Theory”. Millennium – Journal of International Studies, 10, n. 2 (1981): 126-155. https://doi.org/10.1177/03058298810100020501
  8. Crawford, Neta. C. “United States Budgetary Costs of the Post-9/11 Wars Through FY2019: $5.9 Trillion Spent and Obligated”. Costs of War, Watson Institute, Brown University, 2018. Disponível em: https://watson.brown.edu/costsofwar/files/cow/imce/papers/2018/Crawford_Costs of War Estimates Through FY2019.pdf.
  9. Crawford, Neta C. “United States Budgetary Costs and Obligations of Post-9/11 Wars through FY2020: $6.4 Trillion”. Costs of War, Watson Institute, Brown University, 2019. Disponível em: https://watson.brown.edu/costsofwar/files/cow/imce/papers/2019/US Budgetary Costs of Wars November 2019.pdf.
  10. Crenshaw, Martha. “A estratégia contraterrorista nos Estados Unidos”. Em Terrorismo e Relações Internacionais: Perspectivas e Desafios para o Século XXI, org. Monica Herz e Arthur Bernanrdes do Amaral, 49–77. Rio de Janeiro: PUC-Rio: Edições Loyola, 2010.
  11. Comblin, Joseph. A ideologia da Segurança Nacional: o poder militar na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
  12. De Goede, Marieke. “Beyond Risk: Premediation and the Post-9/11 Security Imagination”. Security Dialogue, 39, n. 2–3 (2008): 155-176. https://doi.org/10.1177/0967010608088773
  13. Department of Homeland Security. “FY 2016 Budget-in-Brief”, 2016. Disponível em: https://www.dhs.gov/publication/fy-2016-budget-brief.
  14. Department of the Army. “Field Manual 3-24-2: Tactics in Counterinsurgency”. Washington, DC, 21 de abril de 2009. Disponível em: https://www.hsdl.org/?view&did=36861.
  15. Gallup. “Presidential Approval Ratings - George W. Bush”. Disponível em: https://news.gallup.com/poll/116500/presidential-approval-ratings-george-bush.aspx.Herz, Monica e Arthur Bernardes do Amaral. “Política, violência e terrorismo(s) nas relações internacionais”. Em Terrorismo e Relações Internacionais: Perspectivas e Desafios para o Século XXI, org. Monica Herz, e Arthur Bernardes do Amaral, 9–24. Rio de Janeiro: PUC-Rio: Edições Loyola, 2010.
  16. Hoffman, Bruce. Inside Terrorism. New York: Columbia University Press, 2006.
  17. Jackson, Richard. Writing the War on Terrorism: Language, Politics, and Counter-Terrorism. Manchester: Manchester University Press, 2005.
  18. Jackson, Richard, Marie Breen Smyth, e Jeroen Gunning, org.. Critical Terrorism Studies: a new research agenda. New York: Routledge, 2009. https://doi.org/10.4324/9780203880227
  19. Laqueur, Walter. The New Terrorism: Fanaticism and the Arms of Mass Destruction. Oxford: Oxford University Press, 1999.
  20. Mavelli, Luca. “The Governmentality of Terrorism: Uncertainty, risk management, and surveillance”. Em Routledge Handbook of Critical Terrorism Studies, org. Richard Jackson, 506-527. New York: Routledge, 2016.
  21. Naftali, Timoty. Blind Spot: The Secret History of American Counterterrorism. New York: Basic Books, 2009.
  22. Nasser, Reginaldo Mattar. “As Falácias do Conceito de ‘Terrorismo Religioso’”. Em Do 11 de setembro de 2001 à guerra ao terror: reflexões sobre o terrorismo no século XXI, org. André de Mello e Souza, Reginaldo Mattar Nassar, e Rodrigo Fracalossi de Moraes, 65-88. Brasília: IPEA, 2014.
  23. Nasser, Reginaldo Mattar, e Tomaz Oliveira Paoliello. “Uma nova forma de se fazer a guerra? Atuação das Empresas Militares de Segurança Privada contra o terrorismo no Iraque”. Revista de Sociologia e Política, 23, n. 53 (2015): 27-46. https://doi.org/10.1590/1678-987315235303
  24. National Commission on Terrorist Attacks upon the United States. “The 9/11 Commission Report”, 2004. Disponível em: https://www.9-11commission.gov/report/911Report.pdf.
  25. Neocleous, Mark. “Security, Commodity, Fetishism”. Critique, 35, n. 3 (2007): 339-355. https://doi.org/10.1080/03017600701676738
  26. Padrós, Enrique S. “América Latina: Ditaduras, Segurança Nacional e Terror de Estado”. História e Luta de Classes, Rio de Janeiro, 4, n. 4. (2007): 43-49.
  27. Pereira, Paulo. “Os Estados Unidos e a ameaça do crime organizado transnacional nos anos 1990”. Revista Brasileira de Politica Internacional, 58, n. 1 (2015): 84-107. https://doi.org/10.1590/0034-7329201500105
  28. Perle, Richard, e David Frum. An End to Evil: How to Win the War on Terror. New York: Ballantine Book, 2003.
  29. Ranstorp, Magnus. “Mapping Terrorism Studies after 9/11: An academic field of old problems and new prospects”. Em Critical Terrorism Studies: a new research agenda, org. Richard Jackson, Marie Breen Smyth, e Jeroen Gunning, 13-33. New York: Routledge, 2009.
  30. Sterling, Claire. The Terror Network: The Secret War of International Terrorism. New York: Holt, Rinehart &. Winston, 1981.
  31. Raphael, Sam. “In the service of power: Terrorism studies and US intervention in the global South”. Em Critical Terrorism Studies: a new research agenda, org. Richard Jackson, Marie Breen Smyth, e Jeroen Gunning, 49-65. New York: Routledge, 2009.
  32. Reinares, Fernando. “O atentado de 2004 na Espanha foi tramado em 2001 no Paquistão”, El País Brasil, 9 de março de 2014. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2014/03/07/politica/1394224760_628015.html.
  33. Rogers, Paul. “A Critical Perspective on the Global War on Terror”. Em Routledge Handbook of Critical Terrorism Studies, org. Richard Jacson, 476-505. New York: Routledge, 2016.
  34. Romaniuk, Peter. “From “Global War” to Global Governance: Counterterrorism cooperation in world politics”. Em International organization and global governance, org. Thomas Weiss, e Rorden Wilkinson, 454-465. New York: Routledge, 2014.
  35. Saint-Pierre, Héctor Luis. “11 de Setembro: do terror à injustificada arbitrariedade e o terrorismo de Estado”. Revista de Sociologia e Política, 23, n. 53 (2015): 9-26. https://doi.org/10.1590/1678-987315235302
  36. Schmid, Alex. “The Definition of Terrorism”. Em The Routledge Handbook of Terrorism Research, org. Alex Schmid, 39-98. London: Routledge, 2011. https://doi.org/10.4324/9780203828731
  37. Schmid, Alex, e Albert Jongman. Political Terrorism: A New Guide to Actors, Authors, Concepts, Data Bases, Theories, and Literature. New Brunswick: Transaction Books, 1988.
  38. Stampnitzky, Lisa. Disciplining Terror: How Experts Invented “Terrorism”. New York: Cambridge University Press, 2013. https://doi.org/10.1017/CBO9781139208161
  39. Start. “Global Terrorism Database: Data on terrorist attacks between 1970 – 2018”. Disponível em: https://www.start.umd.edu/gtd.
  40. The National Archives. “President Dwight D. Eisenhower’s Farewell Address”. 1961. Disponível em: https://www.eisenhowerlibrary.gov/research/online-documents/farewell-address.The White House. “President Bush Delivers Graduation Speech at West Point”. 2002. Disponível em: https://georgewbush-whitehouse.archives.gov.
  41. Tuček, Filip, e Warnes, Richard. “The European Union against Terrorism: Challenges and Future Opportunities”. Em The Palgrave Handbook of Global Counterterrorism Policy, org. Francis Griece et al., 315–336. London: Palgrave Macmillan, 2017. https://doi.org/10.1057/978-1-137-55769-8_13
  42. Wendt, Alexander. “Anarchy is what Sates Make of it”. International Organization, 46, n. 2 (1992): 391-425. https://doi.org/10.1017/S0020818300027764
  43. Zenko, Micah e Jennifer Wilson. “How Many Bombs Did the United States Drop in 2016?”. Council on Foreign Relations, Jan. 2017. Disponível em: https://www.cfr.org/blog/how-many-bombs-did-united-states-drop-2016