Publicado 2021-05-13
Palavras-chave
- Santo Ofício,
- Inquisição,
- Mobilidade social,
- Cristãos-novos,
- Mestiçagem
- Minas Gerais Colonial ...Mais
Como Citar
Copyright (c) 2021 Luiz Fernando Rodrigues Lopes
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Resumo
O objetivo deste artigo é identificar os candidatos reprovados no Tribunal do Santo Ofício que viviam na sociedade mineira colonial e analisar as circunstâncias que marcaram a recusa destes pretendentes, bem como compreender em alguma medida o que este fracasso representou para tais personagens. Por meio do cruzamento dos processos indeferidos – Habilitações Incompletas do Tribunal do Santo Ofício – com requerimentos ao Conselho Ultramarino e fontes cartoriais dos arquivos mineiros, esta investigação busca analisar a mobilidade social pelo avesso, ou seja, pelo prisma do fracasso. O argumento central é de que o acesso a cargos de agentes da Inquisição, valioso emulador de prestígio no Império português, foi artifício importante para consolidar a autoridade e o poder de mando na sociedade mineira, mas quando não foi possível usufruir deste mecanismo, em razão da rejeição de suas candidaturas, estes homens contornaram o fracasso na carreira inquisitorial e reelaboraram o projeto de escalada social por meio de outras formas de distinção. Isso parece ter sido possível em razão da singularidade dos marcadores sociais do mundo colonial, menos obsessivo com a pureza de sangue, condição ainda mais acentuada na sociedade mineira, marcada por sua fluidez social.
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Referências
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