v. 18 n. 2 (2012): Dossiê África - Mobilidades, trajetórias e travessia na história do continente africano
Dossiê

Um escravo já viu o mundo: Viajar como um escravo para a Central Sudão (século XIX)

Palavras-chave

  • Sudão central,
  • Sahel,
  • Sahara,
  • Escravidão,
  • Mobilidade,
  • Século XIX,
  • Viagem
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Como Citar

Lefebvre, Camille. 2012. “Um Escravo Já Viu O Mundo: Viajar Como Um Escravo Para a Central Sudão (século XIX)”. Locus: Revista De História 18 (2). https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/20605.

Resumo

No século XIX, o Sudão central é caracterizado por uma alta mobilidade de pessoas por meio de redes complexas de circulação. Dentro deste espaço organizado e padronizado, as regras não são as mesmas para todos. A mobilidade, individual ou de grupo, é determinada pela posição social de cada um, sem que a possibilidade de mover-se não seja um simples reflexo das hierarquias sociais. De fato, à leitura de fontes, fica-se impressionado pela onipresença de escravos, homens e mulheres nas estradas. Isto nos convida a questionar as capacidades individuais e coletivas daqueles que são subjugados a mover-se e exercer um controle sobre seus movimentos. Para encontrar o momento vivido, as práticas e a experiência daqueles que são submissos, o historiador pode contar com o corpus, limitado mas rico, de narrativas de escravos. Estes testemunhos oferecem um contraponto endógeno, íntimo e pessoal que permitem compreender a complexidade das experiências de mobilidade em contexto de escravidão. Nas sociedades que respeitam e admiram aqueles que percorreram e viram o mundo, a experiência fundadora do rapto, da captura, do exílio e o acúmulo de experiência de deslocamentos vividos por escravos levam a considerá-los como mais aptos para a mobilidade e conduz alguns a seguir carreiras no mundo do comércio de longa distância amplamente profissionalizado.

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