Análise epidemiológica da sífilis congênita no município de Juiz de Fora - MG, nos anos de 2014 a 2023
Palavras-chave:
Sífilis Congênita, Saúde Materno-Infantil, Transmissão Vertical de Doenças InfecciosasResumo
Introdução: A sífilis congênita é uma infecção sistêmica transmitida da mãe para o filho durante a gestação, quando a mãe não recebe tratamento adequado. A transmissão vertical pode levar a complicações graves para o recém-nascido, incluindo óbito fetal e malformações. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico da sífilis congênita no município de Juiz de Fora – MG, no período de 2014 a 2023. Material e Métodos: Trata-se de um estudo transversal, de caráter retrospectivo, que utilizou dados obtidos a partir do Sistema de Informações de Agravos de Notificação, disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde . A tabulação e análise dos dados foram realizadas com o uso dos softwares Tabwin 3.6 e Microsoft Office Excel 2010. Resultados: Foram notificados 1.083 casos de sífilis congênita no município Juiz de Fora-MG entre 2014 e 2023, o que representa um aumento significativo de 97,10%. A faixa etária materna mais prevalente foi entre 20 e 24 anos (33,61%). Quanto à escolaridade materna, predominou o ensino fundamental incompleto (5ª a 8ª série), com 153 casos (29,08%). Em relação às variáveis gestacionais, 899 mulheres realizaram pré-natal, sendo que o diagnóstico da sífilis materna foi realizado principalmente neste contexto (742 casos). No entanto, apenas 173 mulheres (15,97%) tiveram seus parceiros tratados. Entre os recém-nascidos, 971 casos (89,65%) foram classificados como sífilis congênita recente, e a maior parte (97,50%) foi diagnosticada até o sexto dia de vida. Observou-se o predomínio de crianças pardas (44,22%). Do total de casos, 945 (97,32%) evoluíram favoravelmente, embora tenham sido registrados 16 óbitos atribuídos ao agravo (1,64%). Conclusão: Houve um aumento significativo nos casos de sífilis congênita no município de Juiz de Fora, refletindo a necessidade de melhorias nas políticas públicas de saúde, com foco no diagnóstico precoce e tratamento adequado durante o pré-natal, além do envolvimento do parceiro na abordagem.
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