Tão-só na maternidade: o luto na perda perinatal
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-8047.2024.v50.44268Palavras-chave:
Luto, Perinatalidade, Maternidade, Psicologia da Saúde, PsicanáliseResumo
Introdução: O presente estudo buscou compreender a vivência do luto parental relacionado à perda perinatal. Objetivos: Analisar as peculiaridades do lugar materno na perinatalidade diante da experiência de luto e refletir sobre as estratégias de intervenção psicológica que possam auxiliar no trabalho de luto. Material e Métodos: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica narrativa, qualitativa e exploratória tendo a discussão do tema proposto sob o viés psicanalítico. A coleta dos materiais para a pesquisa se deu no período de março a novembro de 2023. As buscas eletrônicas ocorreram nas plataformas de dados científicos SciELO, Google Acadêmico, PubMed, Scopus e Web of Science e também por meio de livros que possuem temáticas relevantes para o estudo. A partir dos dados coletados, foram utilizados 6 livros, 4 capítulos de livro, uma tese de mestrado e 10 artigos científicos que abordam temas correlatos com o deste artigo. Resultados: Os resultados evidenciam que a morte de um filho nesse período é especialmente nociva para a mãe, causando-lhe uma verdadeira devastação psíquica, embora o sofrimento paterno também deva ser considerado. Pôde-se averiguar, também, como o entorno dessas famílias enlutadas e as equipes de saúde são, muitas vezes, despreparadas para lidar e proporcionar um espaço saudável, para que o luto desses pais possa correr de modo salubre. O presente estudo aponta que a adoção de algumas medidas pode auxiliar no trabalho de luto, sendo elas: a oferta da possibilidade de contato com o bebê após o óbito, a ritualização da perda e a possível criação de uma caixa de memórias que possa concretizar a existência do(a) filho(a). Conclusão: O fenômeno do luto tem suas reverberações psíquicas profundas e nocivas na vida da família enlutada. Desse modo, as estratégias de intervenção psicológica são importantes para o cuidado desses pais, sendo elas a legitimação do sofrimento.
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