Variabilidade dos marcadores morfofuncionais e mortalidade após rastreio da doença renal crônica: estudo longitudinal após dez anos

Abstract

Introdução: A doença renal crônica (DRC) é passível de rastreio populacional por ser grave, frequente e cumprir os critérios epidemiológicos estabelecidos para rastreio de uma patologia. Objetivo: Avaliar a variabilidade de marcadores morfofuncionais e mortalidade após rastreio da DRC. Material e Métodos: Foi realizado um estudo de coorte prospectivo, no período de 2011 a 2022. Os participantes do estudo Scored (fase 1) foram incluídos na fase 2. A variabilidade dos marcadores da DRC foi avaliada em um intervalo mínimo de três meses. Pacientes com DRC comparados com não DRC, sobreviventes e não sobreviventes, foram comparados pelos testes qui-quadrado, t-Student ou ANOVA. Os fatores associados à sobrevida foram ajustados para fatores de confusão, por meio de modelo de regressão de Cox, considerando IC 95%. Resultados: Na fase 1, com 600 indivíduos, o diagnóstico de DRC foi baseado na taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) em 3,5%, relação albumina/creatinina em 3,0% e presença de hematúria glomerular (HtG) em 9,5% dos avaliados. Os pacientes com DRC eram não brancos, mais velhos e apresentavam níveis mais elevados de colesterol total e LDL. Na fase 2, com 103 participantes, a análise bivariada mostrou que idade mais avançada, menor renda, pressão arterial sistólica e diastólica mais elevada, histórico de hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença coronariana, tabagismo, níveis mais elevados de ácido úrico e glicose foram associados ao óbito. Na análise de regressão multivariada, apenas a idade e a HtG foram preditores de mortalidade. Conclusão: A HtG mostrou-se um marcador com menor variabilidade no diagnóstico de DRC e no desfecho mortalidade. A variabilidade nos marcadores funcionais e estruturais renais reforça a necessidade de observação do critério de cronicidade no diagnóstico da DRC.