Conhecimento sobre Síndrome de Munchausen por Procuração: uma pesquisa com profissionais de saúde

a research with healthcare professionals

Autores

  • Sabrina Gomes Universidade Salgado de Oliveira, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. https://orcid.org/0009-0002-5641-4176
  • Maritza Fabiany Breder Caruso Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. http://orcid.org/0000-0002-3444-1686
  • Alexsandra da Silva Souza Universidade Salgado de Oliveira, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. https://orcid.org/0009-0000-3151-9866
  • Karen Cristina Alves Lamas Universidade Salgado de Oliveira, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-1029-0008
  • Maria Aparecida Costa dos Anjos Universidade Salgado de Oliveira, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.

Palavras-chave:

Síndrome de Munchausen Causada por Terceiro, Transtornos Autoinduzidos, Maus-Tratos Infantis.

Resumo

Introdução: A Síndrome de Munchausen por Procuração  ou Transtorno Factício Imposto a Outro  caracteriza um diagnóstico psiquiátrico no qual o indivíduo falsifica uma doença em outro. Trata-se de uma situação de violência, ocorrendo com mais frequência entre mãe e filho, em que a agressora é diagnosticada com o transtorno e a vítima recebe o diagnóstico de abuso. A literatura carece de estudos sobre epidemiologia, manejo terapêutico e prognóstico desta síndrome. Objetivo: Investigar o conhecimento sobre a SMP por profissionais de saúde, estudantes do último ano de cursos da saúde e escolas técnicas de enfermagem, em território nacional. Buscou-se identificar, também, a frequência de casos suspeitos e/ou identificados pelos profissionais, conhecer os procedimentos para interromper essa forma de violência e verificar a satisfação deles quanto a suficiência de conhecimento e divulgação sobre o tema. Material e Métodos: Foi realizada pesquisa empírica do tipo quali-quantitativa, com 73 participantes, recrutados de forma não probabilística, que responderam um formulário on-line. Resultados: Verificou-se entre os respondentes que 68,5% atendem crianças, 65,8% não conhecem a síndrome e 37% já atenderam casos suspeitos. O relato de conhecimento foi significativamente maior por médicos, psicólogos e profissionais de terapia intensiva, sendo SMP o termo conhecido com maior frequência. As principais abordagens de manejo foram encaminhamento para serviço social, conselho tutelar e serviço de psicologia. A maioria relatou necessidade de aumentar práticas educativas. Conclusão: Os achados corroboram com estudos que indicam haver pouco conhecimento sobre o tema, ressaltando-se a necessidade de mais investigações e investimentos de pesquisadores brasileiros nessa área. Não há um critério para se estabelecer o diagnóstico ou um protocolo de avaliação, portanto, uma equipe multidisciplinar tem sido reportada como a melhor abordagem para os casos de SMP, sendo a falta de conhecimento pelos profissionais um impedimento para a identificação dos casos e proteção da vítima.

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Biografia do Autor

Sabrina Gomes, Universidade Salgado de Oliveira, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.

Sabrina Gomes é psicóloga com formação em Perícia Psicológica e Neuropsicológica pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de SãoPaulo, pós-graduada em Psicologia Jurídica e Avaliação Psicológica, e mestranda em Psicologia Criminal com especialidade em Psicologia Forense pela Universidad Europea del Atlántico. Professora do curso de Psicologia do Centro Universo de Juiz de Fora.

Maritza Fabiany Breder Caruso, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.

Maritza Breder é psicóloga, fisioterapeuta, doutora e mestra em Psicologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora e possui pós-graduação Lato Sensu em Fisioterapia Neurofuncional,  Neuropsicologia com Ênfase em Avaliações e Psicologia Familiar: Orientação e Intervenção Terapêutica. Atua na área de reabilitação neurofuncional e desenvolvimento infantil, prestando serviços a pessoas com deficiência e suas famílias. 

Alexsandra da Silva Souza , Universidade Salgado de Oliveira, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.

Alexsandra da Silva Souza é psicóloga graduada pela Universidade Salgado de Oliveira- UNIVERSO/Juiz de Fora, Pós graduada em terapia cognitivo comportamental pela faculdade Iguaçu.

Karen Cristina Alves Lamas, Universidade Salgado de Oliveira, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.

Karen Cristina Alves Lamas é psicóloga, doutora em Psicologia pela Universidade São Francisco e docente do curso de graduação em Psicologia da Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO/Juiz de Fora.

Maria Aparecida Costa dos Anjos, Universidade Salgado de Oliveira, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.

*In Memoriam. Maria Aparecida foi psicóloga graduada pela Universidade Salgado de Oliveira, Juiz de Fora, e participou de todas as fases da pesquisa que gerou este artigo. 

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Publicado

2025-09-15

Como Citar

1.
Gomes S, Caruso MFB, da Silva Souza A, Alves Lamas KC, Costa dos Anjos MA. Conhecimento sobre Síndrome de Munchausen por Procuração: uma pesquisa com profissionais de saúde: a research with healthcare professionals. HU Rev [Internet]. 15º de setembro de 2025 [citado 5º de dezembro de 2025];51. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/48509

Edição

Seção

Artigos Originais