Prostatite xantogranulomatosa como diagnóstico diferencial em sintomas do trato urinário inferior: um relato de caso

Autores

  • Augusto de Azevedo Barreto Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora. Núcleo Interno de Pesquisa em Urologia (NIPU), Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-5721-7858
  • Filipi da Silva Kefler Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. https://orcid.org/0009-0007-4781-852X
  • Abner Ramos de Castro Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-5745-2671
  • Maria Clara Faria Lopes Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. https://orcid.org/0009-0007-8692-6216
  • João Marçal Medeiros de Souza Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.

Palavras-chave:

Prostatite Crônica, Prostatite Granulomatosa, Prostatite Xantogranulomatosa, Dor Pélvica Crônica

Resumo

Introdução: A prostatite xantogranulomatosa (PX) é uma condição inflamatória rara que afeta homens principalmente na sexta década de vida. Caracteriza-se por sintomas do trato urinário inferior, elevação do PSA e alterações ao toque retal, podendo mimetizar neoplasia prostática. O diagnóstico definitivo é histopatológico, evidenciado pela infiltração do tecido prostático por macrófagos espumosos. O objetivo deste estudo é relatar um caso de prostatite xantogranulomatosa, destacando suas características clínicas, desafios diagnósticos e desfecho após tratamento cirúrgico. Relato de Caso: Homem de 81 anos, hipertenso e dislipidêmico, encaminhado ao serviço de Urologia por elevação do PSA (6,3 ng/dl). Inicialmente, assintomático, com biópsia prostática benigna em 2015. Em 2022, evoluiu com sintomas severos do trato urinário inferior com um Escore Internacional de Sintomas Prostáticos (IPSS) maior que 20, nódulo prostático ao toque retal, disfunção renal (creatinina 2,3 ng/ml) e retenção urinária (resíduo pós-miccional de 545 ml). Foi submetido à ressecção endoscópica da próstata, com histopatológico confirmando prostatite xantogranulomatosa. Evoluiu com melhora significativa dos sintomas e do resíduo pós-miccional (134 ml), mantendo uso de doxazosina 2 mg/dia. Discussão: A PX representa um desafio diagnóstico pela ausência de identidade clínica própria, mimetizando condições como neoplasia prostática, prostatite convencional e hiperplasia prostática benigna. Os exames laboratoriais e de imagem são inespecíficos, sendo o diagnóstico confirmado apenas pelo estudo histopatológico. A condição é provavelmente subdiagnosticada devido à baixa especificidade dos achados clínicos. Conclusão: A prostatite xantogranulomatosa é uma condição rara que pode simular neoplasia prostática. Seu manejo clínico assemelha-se ao de outras prostatites e da hiperplasia prostática benigna. O tratamento cirúrgico, quando indicado, é efetivo e proporciona prognóstico favorável.

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Publicado

2025-09-19

Como Citar

1.
de Azevedo Barreto A, da Silva Kefler F, Ramos de Castro A, Clara Faria Lopes M, Marçal Medeiros de Souza J. Prostatite xantogranulomatosa como diagnóstico diferencial em sintomas do trato urinário inferior: um relato de caso. HU Rev [Internet]. 19º de setembro de 2025 [citado 20º de dezembro de 2025];51. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/48395

Edição

Seção

Relato de Caso