Desenvolvimento de uma preparação extemporânea de uso pediátrico contendo furosemida

Autores

  • Taianne Silva dos Santos Departamento de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil https://orcid.org/0000-0003-3908-5892
  • Mariane Rocha Cordeiro Departamento de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil https://orcid.org/0000-0002-3211-6484
  • Leandro Neves Fonseca Departamento de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil https://orcid.org/0000-0002-1397-3878
  • Urias Pardócimo Vaz Departamento de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil
  • Fernanda Maria Pinto Vilela Departamento de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais https://orcid.org/0000-0001-6169-4550
  • Guilherme Diniz Tavares Departamento de Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Minas Gerais https://orcid.org/0000-0001-6276-0994

DOI:

https://doi.org/10.34019/1982-8047.2020.v46.28850

Palavras-chave:

Pediatria, Controle de qualidade

Resumo

Introdução: Devido às características do organismo humano durante a infância, os medicamentos utilizados por esse público necessitam ser adequados quanto à dosagem e forma farmacêutica, garantindo tratamento correto e adesão do paciente. No entanto, a escassez comercial de alguns medicamentos leva ao uso off-label de formulações destinados ao tratamento de indivíduos adultos, o que pode ser inadequado à terapia pediátrica. Nesse sentido, a furosemida é um diurético de alça utilizado off-label em crianças e não é comercialmente disponível no Brasil sob a forma líquida, a qual é mais adequada ao público pediátrico. Objetivo: Desenvolver e avaliar a qualidade de uma preparação oral líquida off-label de uso pediátrico contendo furosemida na concentração de 10 mg/mL. Material e Métodos: Uma suspensão do ativo foi preparada e o controle de qualidade físico-quimico e microbiológico da formulação foi realizado. Do ponto de vista físico-químico, foram avaliados os parâmetros: aspecto, pH, viscosidade e teor do fármaco. Em relação às análises microbiológicas, avaliou-se o crescimento visível de microrganismos mesófilos totais (fungos e bactérias) após incubação do produto em meio de cultura específico para esses microrganismos. Resultados: Obteve-se formulação com aspecto esbranquiçado e inodora, com formação de sedimento após repouso, o qual se ressuspendia facilmente após agitação. O medicamento apresentou pH médio igual a 7,16 ± 0,138, viscosidade média de 40,79 cP ± 0,100 e teor médio de ativo igual a 108,7% ± 0,075. Além disso, não houve crescimento visível de microrganismos mesófilos no produto desenvolvido. Conclusão: A suspensão apresentou resultados satisfatórios em relação aos parâmetros avaliados, com características semelhantes às encontradas na literatura para outras suspensões de furosemida. Dessa forma, é uma opção de formulação que pode ser manipulada, sob a forma extemporânea, e administrada em pacientes pediátricos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Van der Vossen AC, Van der Velde I, Smeets OS, Postma DJ, Eckhardt M, Vermes A et al. Formulating a poorly water soluble drug into an oral solution suitable for paediatric patients; lorazepam as a model drug. Eur J Pharm Sci. 2017; 100:205-10.

Batchelor HK, Marriott JF. Formulations for children: problems and solutions. Br J Clin Pharmacol. 2015; 79(3):405-18.

Ferreira LA, Ibiapina CC, Machado MGP, Fagundes EDT. A alta prevalência de prescrições de medicamentos off-label e não licenciados em unidade de terapia intensiva pediátrica brasileira. Rev Assoc Med Bras. 2012; 58(1):82-7.

Loureiro CV, Nére EDR, Dias HI, Mascarenhas MBJ, Fonteles MMF. Uso de medicamentos off-label ou não licenciado para pediatria em hospital público brasileiro. Rev Bras Farm Hosp Serv Saúde. 2013; 4(1):17-21.

Paula CS, Souza MN, Miguel MD, Miguel OG. Uso off-label de medicamentos em crianças e adolescente. Rev Ciênc Farm Básica Apl. 2011; 32(2):217-23.

Roque F. Paediatric medicines: formulation considerations. Arch Pharm Pharma Sci. 2017; 1:24-7.

Costa PQ, Luis CR, Helena LLC. Lack of drug preparations for use in children in Brazil. Jorn Pediat. 2009; 85(2):229-35.

Borges APS, Campos MAS, Pereira LRL. Evaluation of unlicensed and off-label antiepiletic drugs prescriber to children: Brazilian Regulatory Agency versus FDA. Int J Clin Pharm-Net. 2013; 35:425-31.

Marinho RN, Cabral CHK. Estudo de adaptações de formulações farmacêuticas em um hospital universitário pediátrico. Rev. Bras. Farm. Hosp. Serv. Saúde. 2014; 5(3):12-7.

Costa PQ, Lima JES, Coelho HLL. Prescrição e preparo de medicamentos sem formulação adequada para crianças: um estudo de base hospitalar. Braz Jour of Pharm Scien. 2009; 45(1):58-66.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Farmacopeia brasileira. Vol. 1. 5. ed. Brasília: 2010.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BR). Resolução da Diretoria Colegiada nº 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre boas práticas magistrais e oficinais para uso humano em farmácias. Diário Oficial da União. 2007.

Ministério da Saúde (BR). Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira. 2. ed. Brasília: 2012.

Associação Brasileira de Normas Técnicas (BR). NBR 5849: tintas – determinação da viscosidade pelo copo Ford. 1986.

Costa LF, Alcanfor SKB, Oliveira AL. Development and validation of furosemide quantification by 1H NMR. Rev Virt Quim. 2016; 8:1683-92.

Josino MAA, Sousa ELH, Sousa AA, Fonseca SGC. Desenvolvimento de formas farmacêuticas líquidas à base de furosemida. Bolet Inform Geum. 2014; 5(4):7-13.

Lopes EF, Duarte LT, Silva EM, Souza AL, Moraes HL, Bara MTF. Desenvolvimento de metodologia espectrofotométrica para o doseamento de furosemida em solução oral. Rev Eletr Farm. 2007; 4(2):92-5.

Lamolha MA, Rodrigues ACP, Silva BC, Granata FC, Podavin GS, Lima JCO et al. Avaliação da equivalência farmacêutica de furosemida em comprimidos de 40 mg. Rev Bras Farm. 2012; 93(1):17-21.

Silva NAA, Pacheco WF, Semaan FS. Spectrophotometric determination of furosemide in pharmaceutical formulations: a didatic approach, from practice to theory. Ecle Quim. Niterói. 2012; 37(1):30-7.

Pinto TJA, Kaneko TM, Pinto AF. Controle biológico de qualidade de produtos farmacêuticos, correlatos e cosméticos. 3. ed. São Paulo: Manole; 2014.

Ferreira AO, Brandão MAF, Polonini HC. Guia prático da farmácia magistral. 5. ed. Juiz de Fora: Pharmabooks; 2005.

Mendes C, Costa AP, Oliveira PR, Tagliari MP, Silva MAS. Physicochemical and microbiological stability studies of extemporaneous antihypertensive pediatric suspensions for hospital use. Pharm Dev Technol. 2013; 18(4):813-20.

Rowe RC, Sheskey PJ, Quinn ME. Handbook of pharmaceutical excipients. 6. ed. London: Pharmaceutical Press; 2003.

Medeiros ACD, Porto KL, Paiva AVR, Procópio JVV. Análise de contaminantes microbiológicos em produtos comercializados em farmácia de manipulação. Rev Biol Farm. 2007; 1(1):1-12.

Zajicek A, Fossler MJ, Barrett JS, Worthington JH, Ternik R, Charkoftaki G et al. A report from the pediatric formulations task force: perspectives on the state of child-friendly oral dosage forms. The Aaps Journ. 2013; 15(4):1072-81.

Neves BG, Pierro VSS, Maia LC. Percepções e atitudes de responsáveis por crianças frente ao uso de medicamentos infantis e sua relação com cárie e erosão dentária. Rev Cien Saud Colet. 2006; 12(5):1295-300.

Valinoti AC, Costa-Júnior LC, Farah A, Souza VP, Gonçalves A, Maia LC. Are pediatric antibiotic formulations potentials risk factors for dental caries and dental erosion? Open Dent J. 2016; 10:420-30.

Ferreira AO, Souza GF. Preparações orais líquidas. 3. ed. São Paulo: Pharmabooks; 2011.

Cies JJ, Moore WS, Chopra A, Guizhen L, Mason RW. Stability of furosemide and chlorotiazide. Am J Health Syst Pharm. 2015; 72(24):2182-8.

Cruz JE, Manes DD, Yakatan GJ. Kinetics and mechanism of hydrolysis of furosemide. Int J Pharm. 1979; 2:275-81.

Ali H, Saad R, Ahmed A, El-haj B. Extemporaneous furosemide suspensions for pediatrics use prepared from commercially available tablets. Inter Jour Cur Pharm Review And Research. 2016; 7(2):75-83.

Trissel LA. Trissel's Stability of Compounded Formulations. 4. ed. American Pharmacists Association; 2009.

Silva JH, Freitas GR, Pereira FRS, Farias RF, Pereira FC. Determinação colorimétrica de metabissulfito. Ecle Quim. 2010; 35(3):133-9.

Bonfilio R, Santos OMM, Novaes ZR, Matinatti ANF, Araújo MB. Controle de qualidade físico-químico e microbiológico em 2347 amostras manipuladas em 2010 e 2011. Rev Ciênc Farm Básica Apl. 2013; 34(4):527-35.

Downloads

Publicado

2020-08-25

Como Citar

1.
Silva dos Santos T, Rocha Cordeiro M, Neves Fonseca L, Pardócimo Vaz U, Pinto Vilela FM, Diniz Tavares G. Desenvolvimento de uma preparação extemporânea de uso pediátrico contendo furosemida. HU Rev [Internet]. 25º de agosto de 2020 [citado 2º de novembro de 2024];46:1-7. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/28850

Edição

Seção

Artigos Originais