Filosofia, literatura e descrença no Diálogo entre um Padre e um Moribundo do Marquês de Sade

Autores/as

  • Marcelo de Sant'Anna Alves Primo

DOI:

https://doi.org/10.34019/2448-2137.2021.34869

Resumen

Que Sade foi um filósofo, literato e ateu não se tem a menor dúvida. Nesse sentido, o objetivo do presente artigo é mostrar como se articulam as três facetas supracitadas do marquês na leitura do seu texto inaugural Diálogo entre um padre e um moribundo, de 1782. Através do estilo e estrutura clássicos do diálogo, o escritor desfere contundentes ataques, ambientado em uma alcova, resultando em: 1) a crítica à exploração do medo nos homens pelos cristãos no momento da morte; 2) e, consequentemente, recusa a existência de deus quando opõe a razão e os sentidos às quimeras religiosas. Contudo, Sade vai muito mais além do que usar a arte do diálogo filosófico para encarar tête-à-tête os dogmas da religião: a defesa de uma postura serena diante da morte não significa ficar somente no plano do discurso, já que o subverte introduzindo a ação em vez de explicar através de conceitos o que seria a natureza corrompida do homem. Logo, podemos concluir que o Diálogo passa dos limites de uma simples manifestação literária do materialismo ateu sadeano sendo, na verdade, um autêntico escrito de resistência que, tendo como marco inicial o desamparo do homem, afirma o corpo para superá-lo explorando os prazeres corporais ao extremo.

Palavras-chave: Sade. Filosofia. Literatura. Ateísmo.

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Publicado

2021-07-19