Um olhar sobre a ética do cinema na era da comunicação digital
DOI:
https://doi.org/10.34019/2448-2137.2025.49190Keywords:
Ética do cinema, Hermenêutica, Ricœur, Gadamer, Texto fílmicoAbstract
O presente artigo aborda a questão da "ética do cinema", distinguindo-a cuidadosamente da "ética no cinema". Em vez de focar nos temas representados (como violência ou sexo), a análise se concentra na relação que a obra cinematográfica estabelece com o espectador, especialmente na era digital. O autor destaca como a experiência de ver um filme mudou drasticamente: o ritual da sala de cinema deu lugar a um consumo fragmentado e individualizado através de streaming e downloads, transformando o espectador em um "prosumidor" que pode manipular e disseminar conteúdo. Com base nos fundamentos filosóficos da hermenêutica, especialmente de Hans-Georg Gadamer e Paul Ricœur, o artigo argumenta que um filme eticamente construído assume uma forma "interrogativa". Ele não impõe respostas, mas abre um espaço para a liberdade e a responsabilidade do espectador, que é convidado a interpretar e, nesse processo, a se autocompreender. A obra de arte é vista como um modo de conhecimento e acesso à verdade, que vai além da racionalidade científica. O texto também analisa como a Igreja Católica, sob o Papa Francisco, passou a tratar o cinema não mais como um "objeto" a ser censurado, mas como um "sujeito" com linguagem própria, capaz de dialogar com os desafios contemporâneos. O autor conclui ao diferenciar o "ver" (ato fisiológico) do "olhar" (ato que envolve o coração e a mente), defendendo que o cinema ético promove um "olhar" responsável, transformando a ficção em um laboratório para o juízo moral e a reflexão sobre a "vida boa".
Palavras-chave: Ética do cinema. Hermenêutica. Ricœur. Gadamer. Texto fílmico.