Para onde nos conduz o giro prático na filosofia da matemática contemporânea? A de outro modo talvez improvável convergência de José Ferreirós e Martin Heidegger
DOI:
https://doi.org/10.34019/2448-2137.2023.41781Resumen
Da metade do século passado em diante, a filosofia da matemática passou por uma importante inflexão que conduziu gradativamente suas linhas de pensamento para o centro das práticas matemáticas. Genericamente, este movimento ficou conhecido na literatura especializada como o giro prático, do qual resultaram diversas expressões de filosofias da matemática prático-orientadas. Dentre estas, consta a de José Ferreirós, que conforme apresentada em The Mathematical Knowledge and the Interplay of Practices (2016), tem como eixo reflexivo e analítico o duplo esquema composto pelos agentes que performam ou fazem matemática e os frameworks em que tais práticas configuram-se. O objetivo central deste trabalho é apresentar em linhas gerais a filosofia da matemática prático-orientada e agente-centrada de Ferreirós. Mais especificamente, com esta apresentação também é visada uma aproximação algo surpreendente com conceitos centrais da analítica da existência de Ser e Tempo (1927), especialmente com o conceito de ser-no-mundo e com o conceito existencial de ciência. A hipótese interpretativa adotada neste trabalho é a de as perspectivas de Heidegger e Ferreirós não são inconsistentes, e que a articulação de uma filosofia da matemática prático-orientada e agente-centrada com o conceito existencial de ciência pode ser mutuamente elucidativa.
Palavras-chave: ser-no-mundo. Heidegger. Ferreirós. Filosofia da Matemática.