A partir do tempo e do outro

Autores/as

  • Francesca Nodari

DOI:

https://doi.org/10.34019/2448-2137.2022.39958

Resumen

Este ensaio pretende oferecer uma revisão abrangente de um dos textos mais fecundos de Emmanuel Levinas, Le Temps et l’Autre, mostrando sua estreita conexão com as obras inéditas publicadas em Paris em novembro de 2009, a saber, os Carnets de captivité, e em articulação, entre outras, com obras como Quelques réflexions sur la philosophie de l’hitlérisme, De l’évasion e De l’existence à l’existant. Desde o início o que surge de modo muito evidente é a aguda tomada de consciência do quanto esse texto é crucial não apenas para compreender, através do que já contém em síntese, os temas da maturidade teórica do autor, mas também para lançar luz sobre nosso presente e para nos dar ferramentas para exercer uma leitura fenomenológica profunda: o desaparecimento progressivo do Outro e o esmagamento do sujeito egocêntrico em um presente contínuo são os resultados nefastos de um contexto em que a solidão, o medo, a indiferença se confirmam como a tonalidade afetiva mais difundida. O que fazer perante uma tal paralisia de si? O eu necessitado, mortal e finito somente pode se libertar desse encadeamento no “in-stante” de uma “posição” ou no momento em que, temporalizando-se, tem diante de si o Outro que se encontra para além de todas as suas possibilidades e por meio do qual faz sentido seu direito ao ser. Em seu próprio corporalizar-se, o ‘eu sou’ torna-se subitamente responsável e assignado através da feliz culpa, que se dá como transcrição temporal da “instância do instante” e na qual se realiza o desenclausuramento definitivo do Eu doravante situado no acusativo.

 

Palavras-chave: Levinas, tempo, outro, solidão, responsabilidade.

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Publicado

2023-01-05