Pensar outramente o futuro: do desespero de ser em tempos sombrios à sabedoria da esperança messiânica na contemporaneidade
DOI:
https://doi.org/10.34019/2448-2137.2022.39957Abstract
Essa reflexão visa debruçar-se sobre a questão da esperança movida pela interpelação advinda do fato de estarmos a iniciar um ano novo, em meio aos tempos sombrios marcados não apenas pela trágica questão sanitária global da pandemia da Covid-19 que tem ceifado milhões de vidas e trazido o sofrimento a outros tantos milhões de pessoas, mas, sobretudo, por estarmos a assistir a uma exacerbação da Necropolítica enraizada em todas as dimensões da vida social, política, econômica, cultural, religiosa etc., a nível local e planetário. Essa situação não deixa de expressar certo desespero de Ser o que somos na contemporaneidade, sobretudo se o referimos aos negacionismos e aos discursos de ódio movidos pelo thanatos ou pela pulsão de morte que se fazem cada vez mais presentes em nosso meio. Essa decepção, porém, não nos exime de tomá-la no avesso do avesso do desespero graças à inesperada e contínua emergência da alteridade, no próprio bojo do drama de nossa existência, bem como na visitação do outro humano. Levando-se, pois, em conta a irrupção da alteridade em meio non-sens, trata-se de propugnar uma sabedoria por-vir que se instaure no âmago da existência, contrária à concepção de temporalidade fundamentada na ideia de escatologia da História, de futuro, de destino/fim calcados na Razão e associados ao tempo fugidio dos relógios. Em contraste com essa visão essa reflexão pretende apresentar outra maneira de pensar a eternidade do tempo a partir da espera da alteridade na contemporaneidade, tendo-se em mente a fecunda contribuição da escritura literária como lugar da produção de sentido em consonância com a novidade da ética/linguagem advinda de uma Filosofia outramente do Rosto.
Palavras-chave: Esperança, Alteridade, Linguagem, Ética, Temporalidade.