O intelecto, os inteligíveis e a ignorância: hierarquia e polêmica antignóstica no tratado 32 (v, 5), 1 – 3, 2 de Plotino
DOI:
https://doi.org/10.34019/2448-2137.2021.37197Resumo
Nosso objetivo é mostrar que, para Plotino, supor um inteligível ignorante (como o Éon Sabedoria de alguns textos gnósticos) no interior do Intelecto constitui uma ameaça ao próprio estatuto do Intelecto como verdadeiro Intelecto. Da mesma forma, aceitar que a ignorância de um Éon seja a causa do universo sensível ameaça a definição do Princípio Primeiro como o princípio último de toda a realidade, pois implica na ideia de que o universo sensível não foi criado como resultado de uma processão indefectível do Princípio Primeiro e da contemplação infalível de seu Princípio original, mas por causa da decadência e da queda de um Éon que desconhece seu Princípio Primeiro, que ele não contempla. Demonstramos assim que, portanto, para refutar o mito valentiniano, foi fundamental para Plotino definir o estatuto do Intelecto e do universo inteligível e a hierarquia ontológica dos níveis de realidade. A definição da relação entre os inteligíveis e o Intelecto nos capítulos 1 e 2 do Tratado 32 (V, 5) constitui o ponto central para estabelecer, no restante do tratado, o lugar e o estatuto do Uno e do criador do universo sensível, denominado por Plotino como a Alma do Mundo, Demiurgo ou Zeus, assim como sua representação hierárquica triádica dos níveis de realidade sob a forma do mito hesiódico de Urano, Cronos e Zeus.
Palavras-chave: Plotino, Gnosticismo, Intelecto, Tratado 32 (V, 5)