A SACRALIZAÇÃO DA REPÚBLICA
Resumo
As discussões que antecederam a implementação da República no Brasil (sobretudo a partir da década de 1870) foram marcadas por debates referente a uma necessidade de modernização do país. Positivistas e liberais apontavam a Igreja Católica e o Estado Monárquico como entraves para essa modernização, uma vez que ambas as instituições eram acusadas de serem conservadoras, retrógradas e espaço de metafísica. As argumentações para se modernizar o país eram: realizar a separação das esferas temporal da espiritual – ou seja, abolir o artigo 5º da Constituição de 1824 que legitimava o catolicismo como a Religião do Império -; criar uma nova forma de regime governamental – Republicano ou Federativo – secularizado, racional e científico sem a participação oficial da Igreja. Com a implementação da República em 1889 e a “efetivação” daquele projeto de separação entre Igreja e Estado, surge um problema, o da legitimação do governo (secularizado) frente a sociedade civil, legitimação outrora realizada pelo Imperador e pela Igreja. Esse Estado, afastando-se da justificação político-religiosa proporcionada pelas instituições de orientação religiosa, via-se na necessidade de justificar sua existência a partir de um conjunto de argumentos cívico-filosóficos, afastados das teodicéias cristianamente orientadas. Desse modo, um arcabouço de estratégias políticas, que pode se denominar de “religião civil”, foram implementadas, de maneira a proporcionar a socialização e internalização do republicanismo através das estratégias festivo-patrióticas constantes, tais como, feriados festivos, construções de monumentos cívicos, e a criação da própria bandeira nacional, cuja intenção era reforçar a existência de uma sociedade civil que reconhecesse em si própria como fundadora de uma nação. A proposta deste trabalho é a de analisar o modo como o processo de sacralização da esfera civil se deu no Brasil.
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