Uso terapêutico da cannabis em saúde mental
Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde, Saúde Mental, Cannabis, TerapêuticaResumo
A cannabis possui mais de 150 canabinoides. Essas substâncias atuam no Sistema Endocanabinoide, uma rede modulatória complexa, envolvida em quase todos os aspectos fisiológicos dos mamíferos. Tendo em vista que a incidência de transtornos psiquiátricos cresce consideravelmente na atualidade, essa revisão de literatura visa abordar o uso terapêutico da cannabis na saúde mental. Devido à associação de canabinoides com ativação da transmissão monoaminérgica, ativação de receptores 5-HT, ativação de áreas do encéfalo, como córtex pré-frontal e núcleo accumbens, e por promover neurogênese hipocampal, sugere-se que o uso medicinal da cannabis seja eficaz no manejo clínico em saúde mental. Assim, esta revisão de literatura busca analisar produções bibliográficas dos últimos 12 meses sobre o potencial do uso terapêutico da cannabis medicinal em saúde mental. Foi realizado um levantamento bibliográfico na base de dados PUBMED, utilizando as palavras-chave “medical Cannabis” e “mental health”, tendo como critério de inclusão artigos que abordam a cannabis ou seus derivados para terapêutica em saúde mental. Com isso, foram encontrados 260 artigos relacionando cannabis medicinal e saúde mental, dos quais, 13 foram selecionados para esta revisão bibliográfica. Dentre os resultados obtidos, foi observada a utilização da cannabis medicinal, principalmente para tratamento de insônia, anorexia, transtorno de humor, Tourette e transtorno de estresse pós-traumático. Os estudos já demonstram algum nível de evidência para melhorar não só a qualidade do sono e a diminuição de pesadelos, como também o ganho de peso em pacientes com anorexia nervosa, utilizando derivados da cannabis. Em conclusão, a descoberta do Sistema Endocanabinóide alavancou um importante avanço no âmbito de pesquisas sobre a utilização terapêutica da cannabis em diversas disfunções. Entretanto, apesar dos estudos pré-clínicos se mostrarem promissores, apontando para grande potencial de aplicação em Saúde Mental, faz-se necessário construir estudos clínicos randomizados para melhor compreensão da segurança e eficácia.