A dificuldade da polifarmácia em idosos na Atenção Primária à Saúde
Palavras-chave:
Polimedicação, Assistência Integral à Saúde do Idoso, Atenção Primária à SaúdeResumo
A polifarmácia em idosos é comum e crescente na APS. Essa prática gera o consumo excessivo de produtos supérfluos, contraindicados e subutilização de medicamentos essenciais para o controle de doenças agudas e crônicas, favorecendo o aparecimento dos efeitos adversos e das interações medicamentosas. Objetivou-se, com este trabalho, ajudar os Médicos da Família e Comunidade (MFC) a caracterizarem a polifarmácia em idosos e identificarem os fatores a ela associados, a fim de fornecer subsídios para o aprimoramento dos cuidados em saúde. Trata-se de estudo exploratório, por pesquisa bibliográfica. Com o aumento da expectativa de vida da população, houve um aumento dos portadores de doenças crônicas que demandam assistência contínua, na qual os medicamentos têm um papel importante. Os idosos, na maioria das vezes, apresentam estado nutricional comprometido e alterações farmacodinâmicas e farmacocinéticas inerentes ao processo de envelhecimento. Tais características justificam sua maior vulnerabilidade a eventos adversos, redução de eficácia terapêutica e interações medicamentosas. Contribui, também, para a polifarmácia, a automedicação, a forma desarticulada da assistência ao idoso, atendido em momentos próximos por diferentes especialistas que não questionam drogas de uso diário, levando à duplicidade de receitas médicas. Entretanto, a polifarmácia nem sempre é evitável. Doenças crônicas normalmente são tratadas por associação de fármacos. A revisão e prescrição dos medicamentos devem ser avaliadas, a fim de personalizar o tratamento em pessoas com multimorbidade. Além disso, é importante que o profissional realize uma boa anamnese, utilize a caderneta do idoso, prescreva medicamentos que atuem em sinergia com a medicação já prescrita, evitando associações desnecessárias - diminuindo, assim, a polifarmácia. Conclui-se que a polifarmácia em idosos na APS tem tido desfechos negativos. Cabe ao MFC reconhecer o processo saúde-doença baseado na pessoa, aprimorar-se na saúde do idoso, realizar atendimento continuado e atentar-se para medicações de uso contínuo, reconhecendo o melhor momento para prescrever e proscrever, evitando a polifarmácia.