Família e redes sociais no cuidado de pessoas com transtorno mental no Acre: o contexto do território na desinstitucionalização

Autores

  • Caroline Carneiro Fontineles Alves
  • Rodrigo Pinheiro Silveira Universidade Federal do Acre

Palavras-chave:

1. Saúde Mental, 2. Desinstitucionalização, 3. Família, 4. Redes comunitárias

Resumo

A área da Saúde Mental, no contexto da consolidação do Sistema Único de Saúde, vem apresentando mudanças importantes na conformação do modelo assistencial, passando do modelo dito “asilar” para uma rede substitutiva de abordagem territorial composta por unidades como os Centros de Assistência Psicossocial, as Residências Terapêuticas e os Leitos psiquiátricos em Hospitais gerais. A implantação dessa rede tem sido realizada de modo heterogêneo nas regiões do país, sendo ainda incipiente no Estado do Acre. Apesar dos avanços obtidos, o momento exige tanto ações que consolidem o novo modelo como novas perspectivas. A desinstitucionalização fez emergir a problemática do território, dificuldades de cuidado nas famílias e redes sociais frágeis. Sendo assim, torna-se importante o estudo da conformação dessa realidade. Objetivo: Estudar a constituição e as relações famíliares assim como as redes sociais dos usuários do Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac), e analisar como se dá o cuidado no território quando o mesmo se encontra no domicílio e no retorno das internações. Metodologia: O estudo foi realizado no Hosmac, com usuários internados durante o mês de dezembro de 2009. A abordagem escolhida foi qualitativa utilizando a entrevista aberta. Para análise dos arranjos familiares, foi utilizado o genograma e, para o estudo das redes sociais, utilizou-se o Ecomapa. As categorias operatórias foram: ciclo de vida e estrutura familiar, cuidado em família e as redes sociais no território. Resultados: Há diversidade na composição familiar, predominando as famílias nucleares recompostas. São famílias numerosas, numa fase intermediária do ciclo, em que os pais são, na maioria, idosos e os irmãos dos usuários são, na maioria, casados e com filhos. Foi grande o índice de separação conjugal, tanto do usuário como dos pais. O cuidado em família é marcado pela fragilidade, com dificuldades, adoecimento de outros membros da família e crises recorrentes. O cuidado é, muitas vezes, feito por irmãs. As internações são frequentes. Observou-se alto índice de abuso de drogas e a tentativa da família de manter o usuário restrito ao domicílio. Houve marcante sobrecarga familiar. As redes sociais são frágeis, com ligações fortes predominantemente com igrejas e com o próprio hospital. Estas são insuficientes na conformação do apoio social no território. Conclusões: O contexto geral é de desassistência no território pela ausência de serviços substitutivos e fragilidade da família e das redes sociais. Dois pontos identificados podem resultar em melhoria do cuidado: o fortalecimento da atenção primária no apoio à família e a atuação do Movimento social na articulação de redes. Torna-se urgente a atuação tendo como foco essa problemática, além da implantação de serviços que possam prestar assistência especializada no território e promover a reinserção na sociedade. 

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Biografia do Autor

Caroline Carneiro Fontineles Alves

Psicóloga

Especialista em Saúde da Família e Comunidade - SESACRE

Rodrigo Pinheiro Silveira, Universidade Federal do Acre

Medico de Família e Comunidade

Doutorando em Saúde Coletiva IMS/UERJ

Professor Assistente do Centro de Ciências da Saúde e do Desporto - UFAC

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Publicado

2011-12-08

Edição

Seção

Artigos Originais