Aderência ao tratamento da hipertensão em uma unidade básica de saúde
Palavras-chave:
Atenção primária à saúde, Estilo de vida, HipertensãoResumo
Introdução: A hipertensão arterial sistêmica é uma doença de alta prevalência e constitui um importante fator de risco para doenças cardiovasculares. Os atuais modelos de assistência são focados, na sua maioria, no atendimento médico e mostram altas taxas de abandono e de não aderência ao tratamento, principalmente não medicamentoso. Tendo em vista que o modelo de assistência pode influenciar a aderência, foram organizados, em 2001, em uma unidade básica de saúde do Rio de Janeiro, dois modelos de atenção aos hipertensos, sendo um multiprofissional. Objetivos: Com a hipótese de que o tipo de assistência pudesse ser um poderoso fator na manutenção da aderência às medidas gerais nestes pacientes, estudamos a aderência à dieta, exercício físico e terapia medicamentosa dos pacientes no ano de 2001 e 2005. Método: Foi selecionada, aleatoriamente, uma amostra de pacientes atendidos em cada um dos modelos: no multiprofissional, com atendimento em rodízio com médicos, enfermeiras e nutricionistas (grupo A); e, no modelo tradicional, centrado no médico (grupo B). Foram estudados 104 pacientes no grupo A, e 107 no grupo B, através de um questionário previamente validado em português, contendo seis questões, sendo quatro referentes ao tratamento não medicamentoso. O questionário foi lido por pessoa estranha ao estudo ao final do primeiro e do quinto ano de acompanhamento no serviço. Os dados contínuos foram comparados nos dois grupos pelos testes de Student e Mann Whitney e as frequências pelo teste do Qui quadrado. Resultado: Os grupos foram homogêneos quanto à idade e sexo. Em 2001, houve uma diferença significativa entre os grupos, com maior aderência ao tratamento não medicamentoso no grupo A que no B. Porém, em 2005, mais de 90% dos pacientes aderiram ao tratamento medicamentoso, pouco mais da metade, à dieta, e cerca de um terço, aos exercícios físicos em ambos os grupos, não havendo diferença significativa. Conclusão: os resultados sugerem que o modelo assistencial não é suficiente para manutenção prolongada da aderência às medidas gerais no tratamento da hipertensão arterial, verificadas após o primeiro ano de acompanhamento. Outras abordagens devem ser promovidas para influenciar o estilo de vida desta população.