A fenomenologia do processo da gravura
DOI:
https://doi.org/10.34019/1984-0071.2023.v12.44572Palavras-chave:
Gravura, Fenomenologia, PeirceResumo
Os processos de gravura foram inventados ao longo da história da humanidade como forma de permitir a reprodução seriada de impressos (Cardoso, 2008). Em todos eles, seja na xilogravura, na gravura em metal ou na litografia, podemos observar o uso de matrizes, cujas imagens são transferidas para algum suporte, por contato. Essa essência da gravura evidencia o caráter de segundidade presente no processo, tema já abordado por Abello (2019) e por Santaella e Nöth (2008), que também a classificam como uma técnica do paradigma pré-fotográfico, mas que já antecipa características do fotográfico pela sua relação existencial com o objeto. O objetivo deste trabalho é ampliar o entendimento dos aspectos de segundidade da gravura, mas também ressaltar o que ela apresenta de terceiridade e de primeiridade, categorias da fenomenologia peirciana. Inicialmente, será apresentado o processo que torna a gravura um índice. A seguir veremos como a reprodutibilidade, essencial a estas técnicas, aponta para a terceiridade na medida em que pretende criar um conjunto de imagens semelhantes, mesmo na contemporaneidade, em que tais processos foram ultrapassados em termos de eficiência e rapidez pelas impressões industriais. Por fim destacaremos os aspectos de primeiridade, já que ainda que as reproduções visem ser, na maioria das vezes, o mais semelhantes possível, há mudanças progressivas entre elas por ser um processo analógico. Com isso evidenciaremos as coisas sem nome (Ibri, 2020) que habitam o campo da gravura e tornam cada reprodução única.
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