O corpo oculto inscrito no espaço
modos de presença em Chantal Akerman
Palavras-chave:
Chantal Akerman, Cinema de corpo, Hotel Monterey, Là-basResumo
Ao passo em que o cinema moderno viu emergir o dito cinema de corpo, ele também se fez território para filmes de presença oculta. Partindo deste pressuposto, o artigo observa elementos estéticos e narrativos que inserem o corpo no espaço cinematográfico sem, no entanto, estar fisicamente visível, de modo que ele não se faz presente, tampouco ausente. Para tal, são analisadas duas obras experimentais de Chantal Akerman – Hotel Monterey (1972) e Là-bas (2006) – à medida em que se tratam de autobiografias que, curiosamente, não recorrem à imagem de si. Na primeira película, a inscrição física de Akerman está no olhar mediado pela câmera-atriz, pois, além do próprio ocultamento do corpo explícito há, ainda, o da voz. Na segunda, por sua vez, o som – voz e ruídos das atividades da cineasta – é o responsável por sua presença diante do espaço apresentado. O objetivo do estudo é verificar a hipótese que este modo de representação do corpo inaugura uma relativamente nova tipologia de narrativa fílmica, a qual deixa de ser orientada pela ação do corpo para dar lugar à observação reflexiva.