A arquitetura como reflexo de reclusão e isolamento
estudo de caso - FHEMIG Barbacena
Palavras-chave:
Hospital psiquiátrico, Panóptico, ArquiteturaResumo
O objetivo desse artigo é abordar como foi constituída a ideia de má personificação dos locais para tratamento psicossocial por meio dos ambientes arquitetônicos e dos significados socio-culturais criados para esses espaços. Será utilizado a sede do Hospital Regional da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) em Barbacena – MG como estudo de caso. De acordo com Fontes (2003), espaços que detêm função de tratamento metal, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ou as Residências Terapêuticas, carregam uma imagem forte e negativa ao serem associados a hospitais psiquiátricos que possuem um estigma de reclusão e periculosidade. De acordo com Montinelli (2016), a arquitetura é um sistema de linguagem mediadora das relações sociais que articula o espaço a ideologias, relações de poder e formas de pensar de uma sociedade. Ainda de acordo com o autor, essa definição contribui para o entendimento do que é a memória coletiva, apoiando-se em imagens espaciais que são marcadas e identificadas pela cultura e pela história. Tendo em vista que o sistema manicomial foi predominante até o século XX, segundo Schutz e Wicki (2011), e que a arquitetura desses locais possui característi- cas panópticas e de cárcere de pessoas (FOUCAULT, 1975), formou-se o imaginário coletivo a ideia que lugares para terapia mental são perigosos, mesmo tendo estu- dos apontando que isso não condiz com a realidade (SCHUTZ, WICKI; 2011). A metodologia utilizada seguirá a pesquisa de Ferrara (1988), que divide o estudo em três partes 1) as características físicas, 2) os usos e 3) as transformações ocorridas no ambiente ao longo do tempo, a qual é baseada nas três operações fundamentais da semiótica de Peirce (2003): a percepção, a leitura e a interpretação. Portanto, o trabalho em suas considerações visa mostrar como foi constituído a arquitetura dos manicômios e os paradigmas que o sustentam e a importância da desconstrução dessa imagem. Conclui, com isso, que a cidadania e inserção social da deficiência cognitiva requer tal desconstrução.
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