O paradoxo de fronteira e a fronteiridade da religião
DOI:
https://doi.org/10.34019/2237-6151.2025.v22.48716Palavras-chave:
fronteira, paradoxo, religião, identidade, interculturalidadeResumo
Este estudo se propõe a estudar o conceito paradoxal de fronteira e as possibilidades relacionadas ao contexto da experiência religiosa. Partindo da concepção de fronteira como um limiar onde diferentes mundos se tocam e se contaminam, argumentamos que toda realidade, especialmente a religiosa, constitui-se como formação mosaical. A dificuldade em reconhecer esta condição decorre de um regime perceptivo predominantemente centralizador, que subordina as margens a um centro imaginário seguro e estável, ocultando a natureza intersticial das relações. Esse regime não apenas distorce a compreensão dos fenômenos, como fundamenta exclusões e violências. Contrapondo-se a este modelo, propomos o conceito de "fronteiridade" como uma postura epistêmica que reconhece o caráter intersticial de toda experiência, inclusive, a religiosa. Dessa forma, o desafio para a compreensão não é encontrar e preservar a pureza, ou a centralidade, mas desenvolver a capacidade de perceber e habitar conscientemente as fronteiras – reconhecendo que as identidades não são limitadas por razões substanciais, mas configuram-se por processos; não são limitadas às essências, mas caracterizam—se acontecimentos.
Downloads
Referências
ÁGUAS, Carla Ladeira Pimentel. A tripla face da fronteira: reflexões sobre o dinamismo das relações fronteiriças a partir de três modelos de análise. In: Forum Sociológico, vol. 2, Num. 23, 2013.
ANZALDÚA, Gloria. Borderlands/La Frontera: The New Mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books, 1987.
BARROS, Francisco de Assis Nogueira. Eutífron de Platão: Estudo e Tradução. Dissertação de Mestrado em Letras Clássicas. USP. São Paulo: USP, 2014.
ARANTES, Paulo Eduardo. O novo tempo do mundo e outros estudos sobre a era da emergência. São Paulo: Boitempo, 2014.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BENJAMIN, Walter. A origem do drama barroco alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984.
BENJAMIN, Walter. Rua de mão única. Obras escolhidas Vol. II. São Paulo: Brasiliense, 1987.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 1995.
MATOS, Carlos de Meira. Geopolítica e modernidade: a geopolítica brasileira. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 2002.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005.
SANTOS, Boaventura de Sousa. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2006.
SCHMITT, Carl. O nomos da Terra no direito das gentes do jus publicum europaeum. Rio de Janeiro: Contraponto, 2014.
SOUSA RIBEIRO, António. A tradução como metáfora da contemporaneidade. Pós-colonialismo, fronteiras e identidades. In: Eurozine, mai. 2005.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Eduardo Sales de Lima

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Revista Sacrilegens é um periódico de acesso aberto, licenciada sob a licença Creative Commons Attribution 4.0 International





