Pesquisa bíblica na Ciência da Religião: métodos e possibilidades
DOI:
https://doi.org/10.34019/2237-6151.2024.v21.46326Palavras-chave:
pesquisa bíblica, análise narrativa ou narratologia, método de exegese indiciária, Bíblia Hebraica, Novo TestamentoResumo
A História das Religiões, enquanto um dos fundamentos da Ciência da Religião, partiu da histórica eclesiástica e dos estudos bíblicos para se constituir como disciplina diversificada em abordagens e perspectivas de análise, especialmente no século XIX. Considerando a consolidação do campo de estudos da religião no Brasil, parece-nos importante um olhar que reconheça essa trajetória e seus desdobramentos na atualidade, visto que o legado da abordagem histórico-crítica da literatura bíblica está na base de outras abordagens mais recentes, ainda que com limitações reconhecidas. Dentre o conjunto de abordagens que vieram após o método histórico-crítico, destacam-se o método de exegese indiciário e a análise narrativa. O primeiro busca por meio da análise dos indícios presentes no texto pesquisado chegar ao entendimento das intenções históricas, sociais, ideológicas e religiosas do(a) autor(a) do texto no momento em que ele foi escrito. A análise narrativa ou narratologia, por sua vez, se orienta prioritariamente pelo(a) leitor(a), considera o efeito da narrativa sobre ele(ela) e a maneira como o texto o(a) faz cooperar no deciframento do sentido. O objetivo desse texto é descrever a aplicabilidade desses métodos e sua importância em meio às pesquisas bíblicas atuais.
Downloads
Referências
ALMEIDA, M. A. de A.; FUNARI, P. P. A. Exegese Bíblica: vantagens, desvantagens, limites e contribuições na interpretação moderna da Bíblia. Caminhos - Revista de Ciências da Religião, Goiânia, Brasil, v. 14, n. 1, p. 45–57, 2016. DOI: 10.18224/cam.v14i1.4823. Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/
caminhos/article/view/4823. Acesso em: 18 out. 2024.
ARMSTRONG, Karen. A Bíblia: uma biografia. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2007.
BARTHES, Roland. Introdução à análise estrutural da narrativa. In: BARTHES, Roland [et al.]. Análise estrutural da narrativa. 7a ed., Petrópolis: Vozes, 2011, pp. 19 a 62
BERGER, Klaus. Psicologia histórica do Novo Testamento. São Paulo: Paulus, 2011.
BURKE, Peter. O que é história cultural? 2a ed., Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
CARMO, Matheus da Silva. Usos da Bíblia Hebraica como documentação histórica: possibilidades e metodologias. Revista Trilhas da História, v. 12, n. 24, p. 67-88, 2023.
CHARLESWORTH, James H. Jesus dentro do Judaísmo: novas revelações a partir de estimulantes descobertas arqueológicas. 3a ed., Rio de Janeiro: Imago, 1992.
CHARTIER, Roger. A história ou a leitura do tempo. 2a ed., Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
CROATTO, J. S. Hermenêutica bíblica. São Leopoldo: Sinodal, São Paulo: Paulinas, 1986.
DA MATA, Sérgio. História e Religião. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
DARNTON, Robert. O Grande Massacre dos Gatos. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
DIETRICH, L. J.; SILVA, C. M. D. da. Religião, revelação, textos sagrados. Revista Pistis & Praxis, [S. l.], v. 13, n. 1, 2021. DOI: 10.7213/2175-1838.13.01.AO03. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/pistispraxis/article/view/27901. Acesso em: 16 out. 2024.
FLUDERNIK, Monika. An introduction to narratology. Nova Iorque: Routledge, 2009.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. 8a ed., Rio de Janeiro: Forense, 2020.
GENETTE, Gerárd. Fronteiras da narrativa. In: BARTHES, Roland [et al.]. Análise estrutural da narrativa. 7a ed., Petrópolis: Vozes, 2011, pp. 265 a 284.
GINZBURG, Carlo. History, rhetoric and proof. The Menahen Stern Jerusalem Lectures. Londres: University Press of New England, 1999.
GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais. 2a ed., São Paulo: Cia. das Letras, 2007. p. 143-179.
GOTTWALD, Norman K. Introdução Socioliterária à Bíblia Hebraica. 2a ed., São Paulo: Paulus, 1988.
HIGUET, E. A. Reformulação do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo: aspectos históricos e epistemológicos. Numen, [S.l.], v. 15, n. 2, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufjf.
br/index.php/numen/article/view/21865. Acesso em: 2 out. 2024.
HUFF JÚNIOR, A. Érico; PORTELLA, R. Ciência da Religião: uma proposta a caminho para consensos mínimos. Numen, [S.l.], v. 15, n. 2, 2012. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/numen/article/view/21847. Acesso em: 2 out. 2024.
KESSLER, Rainer. História social do Antigo Israel. Paulinas: São Paulo, 2010.
MARGUERAT, Daniel; BOURQUIN, Yvan. Para ler as narrativas bíblicas: iniciação à análise narrativa. São Paulo: Loyola, 2009.
MEIER, John P. Um judeu marginal: repensando o Jesus histórico. Rio de Janeiro: Imago, 1992, v. 1.
NA’AMAN, Nadav. Does Archaeology Really Deserve the Status of a “High Court” in
Biblical Historical Research? In: BECKING, Bob; GRABBE, Lester L. (Eds.) Between
Evidence and Ideology. Leiden: Brill, 2010, p. 165-183.
NOGUEIRA, Paulo Augusto de Souza. Narrativa e cultura popular no cristianismo primitivo. São Paulo: Paulus, 2018.
NOGUEIRA, Paulo Augusto de Souza. Os métodos histórico-críticos: pressupostos e pautas para renovação. In: Estudos teológicos, v. 59, n. 2, pp. 296 a 310, São Leopoldo: Faculdades EST, jul/dez, 2019.
PELLETIER, Anne-Marie. Bíblia e hermenêutica hoje. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
RIBEIRO, O. L. Da função e do limite da exegese histórico-social indiciária. Caminhos - Revista de Ciências da Religião, Goiânia, Brasil, v. 19, n. 3, p. 744–764, 2021. DOI: 10.18224/cam.v19i3.8823. Disponível em: https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/
caminhos/article/view/8823. Acesso em: 2 out. 2024.
RODRIGUES, Elisa; NUNES, Iuri. A imagem do Bom Pastor na arte cristã primitiva: uma abordagem sócio-histórica a partir das interações culturais. Numen: revista de estudos e pesquisa da religião, Juiz de Fora, v. 22, n2, jul./dez. 2019, p. 33-42.
RÖMER, Thomas. A chamada História Deuteronomista: introdução sociológica, histórica e literária. Petrópolis: Vozes, 2008.
SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. Memória coletiva e teoria social. São Paulo: Annablume, 2003.
SCHMITT, Flávio. Método histórico-crítico: um olhar em perspectiva. Estudos Teológicos, v. 59, n. 2, p. 325-339, 2019.
SELVATICI, Mônica. Os judeus helenistas e a primeira expansão cristã: questões de narrativa, visibilidade histórica e etnicidade no Livro dos Atos dos Apóstolos. Tese de Doutorado. Campinas: UNICAMP, 2006.
SILVA, Daniel Salomão. A construção da noção de divindade de Jesus: uma perspectiva baseada na interpretação de Mc 14:61-62, Mt 26:63-64 e Lc 22:67-70. Dissertação de Mestrado. Juiz de Fora: UFJF, 2022.
SILVA, Rosa Amélia Manassa da; ULRICH, Claudete Beise. Textos Sagrados: Reflexões e aplicabilidade no direcionamento de formações continuadas para professores/as de Ensino Religioso. UNITAS-Revista Eletrônica de Teologia e Ciências das Religiões, v. 11, n. 2, 2023.
SMITH, Mark S. O memorial de Deus: história, memória e a experiência do divino no Antigo Israel. São Paulo: Paulus, 2006.
TODOROV, Tzvetan. Estruturalismo e poética. São Paulo: Cultrix, 1970.
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. São Paulo: Perspectiva, 2013.
TODOROV, Tzvetan. As categorias da narrativa literária. In: BARTHES, Roland [et al.]. Análise estrutural da narrativa. 7a ed., Petrópolis: Vozes, 2011, pp. 218 a 264.
VOLKMANN, Martin; DOBBERAHN, Friedrich Erich; CÉSAR, Ely Éser Barreto. Método histórico-crítico. São Paulo: CEDI, 1992.
WEGNER, Uwe. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia. São Leopoldo: Sinodal, 1998.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Daniel Salomão Silva, Elisa Rodrigues, Matheus da Silva Carmo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Revista Sacrilegens é um periódico de acesso aberto, licenciada sob a licença Creative Commons Attribution 4.0 International