LUGARES E PERSPECTIVAS DA PSICOLOGIA NOS CURRÍCULOS DE CURSOS DE MEDICINA
Palavras-chave:
Psicologia, Educaçãi Médica, CurrículoResumo
Introdução. As mudanças paradigmáticas da formação médica voltadas para o conceito biopsicossocial de saúde levaram ao reconhecimento da importância de conhecimentos e habilidades ligados à Psicologia. No Brasil, a relevância desse conteúdo é afirmada em documentos legais e na produção acadêmica da área. Entretanto, a inserção de componentes curriculares fundamentados na Psicologia nos currículos médicos constitui um desafio. É necessário garantir uma inserção efetiva, capaz de despertar o interesse dos discentes e dialogar com outros aspectos da formação. Objetivo. Analisar possibilidades e limites dos conteúdos curriculares relacionados à Psicologia dos cursos de Medicina no Brasil para atendimento às demandas contemporâneas da formação médica. Método. Pesquisa documental de caráter exploratório descritivo e tipo qualitativo, com análise de ementas informadas em páginas oficiais de cursos de Medicina de Instituições de Ensino Superior
brasileiras. Resultados. Foram identificados 334 cursos de Medicina autorizados até o ano de 2019, dos quais 115 (34,43%) disponibilizam em seus sites as ementas de componentes curriculares relacionados à Psicologia. Foram identificados são 173 componentes curriculares distribuídos entre os 115 cursos. Ao agrupar os de mesmo título, tem-se 70 componentes curriculares diferentes. A análise das ementas permitiu identificar 5 categorias temáticas: Psicologia Médica, Psicologia e Humanidades; Prática Médica e Relação Médico-Paciente; Desenvolvimento Humano e Fases da Vida; Saúde e Sociedade; Formação do Estudante de Medicina. As duas primeiras agrupam a maior parte dos títulos e dos tópicos das ementas dos conteúdos curriculares analisados. Discussão: A literatura sobre a formação médica indica objetivos e espaços a serem ocupados pela Psicologia, como diálogo interdisciplinar, reflexão a respeito das relações interpessoais na prática médica, ligação entre as ciências naturais e humanas, compreensão do paciente no contexto biopsicossocial, prática da medicina humanizada. Para a efetivação dessas demandas, os trabalhos apontam a importância de que os componentes curriculares ligados à Psicologia estejam efetivamente voltados para as demandas formativas dos graduandos, a fim de prepará-los/as para a prática profissional. Essa interação, entretanto, nem sempre acontece. A bibliografia indica que, embora a importância e a atualidade dos temas humanísticos no campo da saúde sejam reconhecidas, há grande dificuldade de integrá-los à formação médica, o que faz com que sejam, na realidade dos cursos de graduação, considerados desinteressantes e pouco importantes, por não estabelecerem vínculo satisfatório com as demandas da formação médica. Os dados coletados a partir da análise das ementas indicam que esses desafios permanecem, mas existe um movimento no sentido do diálogo efetivo com aas demandas da formação médica. Conclusão. A presença da Psicologia nos currículos médicos dá-se ainda de forma prioritariamente disciplinar, mas é expressiva a preocupação com a articulação entre conhecimentos e habilidades relativos a essa ciência e os interesses e necessidades da prática e da formação médica.
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