CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS, SOCIODEMOGRÁFICAS E LABORATORIAIS DE INDIVÍDUOS COM SUSPEIÇÃO DE HANSENÍASE ATENDIDOS NO CREDEN-PES
Palavras-chave:
Hanseníase, qPCR, Georeferenciamento, Diagnóstico precoceResumo
Introdução:O diagnóstico precoce da hanseníase é uma importante estratégia para interromper a cadeia de transmissão do M. leprae e prevenir a incapacidade física. No entanto, o diagnóstico é essencialmente clínico e, em muitos casos, os sintomas são
sutis e às vezes passam desapercebidos até mesmo pelos especialistas. Os exames de baciloscopia e histopatologia auxiliam no diagnóstico clínico, na categorização espectral e no tratamento da doença. Nas regiões onde a endemicidade é maior, métodos sorológicos e moleculares devem ser utilizados, principalmente entre os contatos domiciliares, para identificar indivíduos com possibilidades de adoecimento. Objetivo: traçar o perfil clínico, sociodemográfico e laboratorial dos indivíduos com suspeição de hanseníase atendidos no CREDENPES/SMS/GV. Métodos: Amostras de raspado dérmico auricular dos participantes do estudo foram coletadas e conservadas em álcool a 70%. Posteriormente, extraiu-se, quantificou-se o material genético (DNA) e realizou-se a qPCR tendo como alvo o gene RLEP (Elementos repetitivos) para constatação da presença de DNA do M. leprae. nas referidas amostras. A análise do georreferenciamento contextualizou a situação epidemiológica
da hanseníase nos territórios onde residiam os indivíduos do estudo, em especial, do munícipio de Governador Valadares. Resultados: Foram analisadas amostras de 411 indivíduos. Desse total, 158 foram classificados como casos e 253 como indivíduos com suspeição para hanseníase. Verificou-se um número significativo de casos com idade entre 40 a 69 anos (n=85), sendo 58,8% do sexo masculino e 83,8% apresentaram qPCR positiva, indicando a presença de DNA de M. leprae nas amostras de raspado dérmico coletadas. Quanto à escolaridade, entre os que tinham 1a a 4a série incompleta, a reação qPCR foi positiva em 89,6%. De acordo com a Classificação Operacional, 63,9% dos casos notificados foram considerados Multibacilares. Entretanto, o teste qPCR foi positivo em 75,4% dos casos classificados como Paucibacilares e 86,1% dos casos Multibacilares. Em relação aos indivíduos com suspeição de hanseníase, das 253 amostras coletadas, 100% apresentaram índice bacilar negativo (IB=0. Entretanto, os resultados do teste qPCR indicaram que 120 amostras (47,4%) eram positivas para o gene RLEP. No estudo de georeferenciamento, verificou-se que o setor 17, representado pelos Bairros Atalaia, Azteca e Ipê concentrou um maior número de casos de hanseníase (16,7%). Interessantemente, constatou-se que vários casos e suspeitos identificados nos anos de 2017 e 2018, residiam próximo aos setores 15 e 17. Esses dados reforçam a necessidade do Município em priorizar as ações de controle da hanseníase nessas localidades, bem como a importância da implementação de métodos laboratoriais
mais sensíveis para o diagnóstico precoce. Vale ressaltar a presença de dois casos de pacientes (forma clínica virchowiana e dimorfa) com IB zero cujos resultados de qPCR foram positivos. Conclusão: Os dados obtidos em nosso estudo reforçam a importância do acompanhamento daqueles indivíduos com suspeição de hanseníase, embora assintomáticos e com IB zero, apresentaram qPCR positivo para DNA de M. leprae. O que nos leva a concluir que existe possibilidade de uma infecção subclínica e até mesmo um risco de adoecimento desses indivíduos.
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