Paisagem Sonora em Juiz de Fora
O som da cidade como resgate da cultura e da memória urbana
DOI:
https://doi.org/10.34019/2179-3700.2020.v20.31134Palavras-chave:
Paisagem Sonora;Juiz de Fora;Cultura;Memória UrbanaResumo
O som, seja pela sua presença ou pela sua ausência, influência e altera a percepção que se tem de um espaço, sendo um qualificador deste espaço e contribuindo para transformá-lo ou não em um lugar. Ainda que exista um domínio da visão sob os demais sentidos, os sons, os odores e as sensações térmicas, mesmo que efêmeros e dinâmicos, não podem ser desconsiderados, haja vista que são responsáveis pela construção das ambiências e consequente construção sensível dos espaços. A Paisagem Sonora ("soundscape"), propõe o estudo do ambiente acústico de maneira sistematizada e contextualizada. Uma paisagem sonora é a extensão do território que se pode escutar, abrangendo todos os sons produzidos no ambiente, sendo também sempre uma criação cultural. O presente projeto de pesquisa propõe um estudo da Paisagem Sonora de Juiz de Fora, mais especificadamente da região do centro urbano da cidade, compreendida no recorte deste estudo como o “Triângulo Central”, espaço que detém parte significativa da história da cidade, apresentando diversos usos e formatações ao longo do tempo. O Triângulo Central representa uma parcela do território urbano dos mais importantes como portador de memória, tratando-se de um dos lugares mais pertinentes para a compreensão do desenvolvimento de Juiz de Fora. Foi proposto também um recorte temporal, datado entre as décadas de 1880 e 1940. Este recorte espacial-temporal justifica-se pela própria relevância histórico-cultural que apresenta para Juiz de Fora. Porém, tendo em vista a densidade dos resultados obtidos até o momento, abordoe-se a primeira década deste recorte, compreendida de 1880 a 1890. O objetivo geral desta pesquisa é resgatar parte da memória sonora da cidade de Juiz de Fora, categorizando os sons destacados como relevantes (histórica e/ou culturalmente) e identificando a transformação da paisagem sonora em meio às transformações dos espaços urbanos. Configura-se como tendo uma abordagem qualitativa, pois não se baseia na representatividade numérica, isto é, os dados são considerados na análise de acordo com qualidade do material coletado, sendo considerados os registros sonoros mais destacadamente relevantes para a pesquisa. Assim, ainda que sejam apresentados dados numéricos neste estudo, estes têm relevância como respaldo à análise qualitativa. Caracteriza-se como uma pesquisa documental, uma vez que trabalha com fontes primárias (jornais) que ainda não receberam um tratamento analítico com o enfoque desta pesquisa. A partir da pesquisa proposta e seus desdobramentos, gerou-se um mapa gráfico-sonoro, com indicativo de sons coletados em cada área, servindo como registro histórico-cultural das percepções sonoras no centro de Juiz de Fora, criando-se um registro da paisagem sonora em tal espaço-tempo.
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