Meningite em crianças no Brasil de 2020 a 2024: análise epidemiológica de dados secundários

Autores

  • Anna Júlia Romano Afonso Universidade de Rio Verde, Goiânia, Goiás, Brasil.
  • Ana Luíza de Freitas Franck Universidade de Rio Verde, Goiânia, Goiás, Brasil. https://orcid.org/0009-0005-2877-8900
  • Ethiarlane Anunciação Carvalho Universidade de Rio Verde, Goiânia, Goiás, Brasil. https://orcid.org/0009-0004-1933-0533
  • Henrique Lucena Costa Universidade de Rio Verde, Goiânia, Goiás, Brasil. https://orcid.org/0009-0001-2408-3803
  • Leticia Fernandes da Costa Universidade de Rio Verde, Goiânia, Goiás, Brasil.
  • Nathalia Danielli Quaresma Rezende Universidade de Rio Verde, Goiânia, Goiás, Brasil.
  • Heloísa Silva Guerra Universidade de Rio Verde, Goiânia, Goiás, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-0617-8112

Palavras-chave:

Meningite, Doenças Preveníveis por Vacina, Epidemiologia

Resumo

Introdução: A meningite é uma doença grave, com altas taxas de morbidade e mortalidade, de grande relevância para a saúde pública. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico dos casos de meningite em crianças no Brasil, entre 2020 e 2024, e comparar a letalidade da doença entre as regiões do país. Material e Métodos: Estudo descritivo, com dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Sistema Único de Saúde (SINAN), referente a crianças de 0 a 9 anos. Os dados foram organizados em planilhas Excel e analisados por estatística descritiva. A letalidade foi calculada no Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) e as comparações regionais foram feitas pelo teste do qui-quadrado (p < 0,05). Resultados: Foram notificados 20.197 casos no período. Após queda entre 2020 e 2021, os registros aumentaram em 2022 e 2023, com queda em 2024. A região Sudeste concentrou a maioria dos casos. Predominaram os casos em meninos (57,9%) e em menores de 1 ano (38,3%). Crianças brancas representaram 52,1% dos casos, com 15,5% de raça/cor ignorada. A alta hospitalar foi o desfecho mais frequente (84,8%), enquanto a letalidade por meningite foi de 4,9%, com maiores taxas no Norte (13,5%) e Centro-oeste (9,9%). A meningite viral foi a etiologia mais comum (54,0%), seguida da bacteriana (15,6%) e não especificada (19,8%). Conclusão: Observou-se aumento recente nos casos de meningite infantil e desigualdades regionais nos indicadores de morbidade e mortalidade, reforçando a importância da vigilância epidemiológica e da qualificação dos registros.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leticia Fernandes da Costa, Universidade de Rio Verde, Goiânia, Goiás, Brasil.

Acadêmica de Medicina

Referências

Van de Beek D, Brouwer M, Hasbun R, Koedel U, Whitney CG, Wijdicks E. Community-acquired bacterial meningitis. Nat Rev Dis Primers. 2016;2:16074. DOI:10.1038/nrdp.2016.74.

Porto CC. Semiologia Médica. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2019.

Wang B, Lin W, Qian C, Zhang Y, Zhao G, Wang W, et al. Disease burden of meningitis caused by streptococcus pneumoniae among under-fives in china: a systematic review and meta-analysis. Infect Dis Ther. 2023;12(11):2567-80. DOI:10.1007/s40121-023-00878-y.

Ministério da Saúde (BR). Guia de Vigilância em Saúde: volume único [Internet]. 3ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2019 [citado em 2025 abr. 30]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_3ed.pdf.

Zunt JR, Kassebaum NJ, Blake N, Glennie L, Nichols E, Abd-Allah F et al. Global, regional, and national burden of meningitis, 1990–2016: a systematic analysis for the global burden of disease study 2016. Lancet Neurol. 2018;17(12):1061-82. DOI:10.1016/S1474-4422(18)30387-9.

World Health Organization (WHO). Defeating meningitis by 2030: a global road map [Internet]. Geneva: WHO; 2021 [citado em 2025 abr. 26]. Disponível em: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/342010/9789240026407-eng.pdf?sequence=1.

Kyu HH, Bender RG, Vongpradith A, Sirota SB, Swetschinski LR, Novotney A et al. Global, regional, and national burden of meningitis and its aetiologies, 1990–2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet Neurol. 2023;22(8):685-711. DOI: 10.1016/S1474-4422(23)00195-3.

Ministério da Saúde (BR). Manual de vigilância epidemiológica de meningite. 5ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2019.

Ministério da Saúde (BR). Portaria GM/MS nº 5201, de 15 de agosto de 2024. Inclui novas doenças na Lista Nacional de Notificação Compulsória. Diário Oficial da União. 2024; Seção 1:27. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2024/prt5201_19_08_2024.html.

Ministério da Saúde (BR). Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais. Diário Oficial da União. 2016; Seção 1:44-6. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2016/res0510_07_04_2016.html.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Nota técnica conjunta nº 154/2024-DPNI/SVSA/MS. Brasília: Ministério da Saúde; 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/m/meningite/notas-tecnicas/nota-tecnica-conjunta-no-154-2024-dpni-svsa-ms.

Sobrinho MF, Araújo MJ, Petroni TF. Impact of the Covid-19 pandemic on cases of bacterial meningitis in the State of São Paulo, Brazil. Res Soc Dev. 2025;14(2):e14014248348. DOI: 10.33448/rsd-v14i2.48348.

Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS/RS). Informe epidemiológico das meningites bacterianas 2022–2024. Porto Alegre: Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul; 2025 [citado em 2025 abr. 28]. Disponível em: https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/202502/10111215-informe-epidemiologico-das-meningites-2022-2024.pdf.

Galli IC, Jesus JV, Neitzke FL, Andrade MM, Previato PAS. Análise epidemiológica de meningite infantil no centro-oeste brasileiro de 2018 a 2022. Rev Iberoam Humanid Cienc Educ. 2024;10(8):1-12. DOI:10.51891/rease.v10i8.15159.

Guimarães NM, Alves VHR, Soares BS, Ruiz LM, Guimarães LC, Soares VM, et al. Epidemiological analysis of meningitis cases in children in Brazil from 2010 to 2020. Res Soc Dev. 2022;11(15):1-8. DOI: 10.33448/rsd-v11i15.37032.

Frasson LR, Saraiva L, Mottecy NM, Basso SR, Oneda RM, Bassani C. Perfil epidemiológico da meningite bacteriana no estado do Rio Grande do Sul. Rev Ciênc Humaniz. 2021;1(2):96-110. DOI: 10.29327/2185320.1.2-6.

Silva LR, Arruda LES, Barreto IJB, Aragão JVR, Silva MLFI, Lira G, et al. Geografia e saúde coletiva: análise da dinâmica epidemiológica das meningites no Brasil, entre os anos de 2010 e 2019. Rev Bras Epidemiol. 2024;27:e240031. DOI: 10.1590/1980-549720240031.2.

Meijs DAM, Van Bussel BCT, Stessel B, Mehagnoul-Schipper J, Hana A, Scheeren CIE, et al. Better COVID-19 intensive care unit survival in females, independent of age, disease severity, comorbidities, and treatment. Sci Rep. 2022;12(734). DOI: 10.1038/s41598-021-04531-x.

Parikh SR, Campbell H, Bettinger JA, Harrison LH, Marshall HS, Martinon-Torres F, et al. The everchanging epidemiology of meningococcal disease worldwide and the potential for prevention through vaccination. J Infect. 2020;81(4):483-98. DOI: 10.1016/j.jinf.2020.05.079.

Teixeira DC, Diniz LMO, Guimarães NS, Moreira HMAS, Teixeira CC, Romanelli RMV. Risk factors associated with the outcomes of pediatric bacterial meningitis: a systematic review. J Pediatr. 2020;96(2):159–67. DOI: 10.1016/j.jped.2019.07.003.

Medeiros DNM, Mafra ACCN, Souza DCS, Troster EJ. Epidemiology and treatment of sepsis at a public pediatric emergency department. Einstein. 2022;20:eAO6131. DOI: 10.31744/einstein_journal/2022AO6131.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Informática do SUS – DATASUS. Meningite - casos notificados no Brasil [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; [citado em 15 abril. 2025]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinannet/cnv/meninbr.def.

Tan LLJ, Safadi MAP, Horn M, Balboa CR, Moya E, Schanbaum J, et al. Pandemic's influence on parents' attitudes and behaviors toward meningococcal vaccination. Hum Vaccin Immunother. 2023;19(1):2179840. DOI: 10.1080/21645515.2023.2179840.

Blanco BP, Branas PCAA, Yoshioka CRM, Ferronato AE. Pediatric bacterial meningitis and meningococcal disease profile in a Brazilian General Hospital. Braz J Infect Dis. 2020;24(4):337-42. DOI: 10.1016/j.bjid.2020.06.001.

Nunes AA, Abreu AJL, Cintra O, Cintra MACT, Coelho EB, Barros ENC. Meningococcal disease epidemiology in Brazil (2005–2018) and impact of MenC vaccination. Vaccine. 2021;39(3):605-16. DOI: 10.1016/j.vaccine.2020.11.067.

Martin NG, Defres S, Willis L, Beckley R, Coxon A, Kadambari S, et al. Paediatric meningitis in the conjugate vaccine era and a novel clinical decision model to predict bacterial aetiology. J Infect. 2024;88(5):106145. DOI: 10.1016/j.jinf.2024.106145.

Hudson JA, Broad J, Martin NG, Sadarangani M, Galal U, Kelly DF, et al. Outcomes beyond hospital discharge in infants and children with viral meningitis: a systematic review. Rev Med Virol. 2020;30(2):e2083. DOI: 10.1002/rmv.2083.

Mount HR, Boyle SD. Aseptic and bacterial meningitis: evaluation, treatment, and prevention [Internet]. Am Fam Physician. 2017 [citado em 2025 abr. 28]; 96(5):314–22. Disponível em: https://www.aafp.org/pubs/afp/issues/2017/0901/p314.pdf.

Wall EC, Chan JM, Gil E, Heyderman RS. Acute bacterial meningitis. Curr Opin Neurol. 2021;34(3):386-95. DOI: 10.1097/WCO.0000000000000934.

Perdrizet J, Santana CFS, Senna T, Alexandre RF, Almeida RS, Spinardi J, et al. Cost-effectiveness analysis of replacing the 10-valent pneumococcal conjugate vaccine (PCV10) with the 13-valent pneumococcal conjugate vaccine (PCV13) in Brazil infants. Hum Vaccin Immunother. 2021;17(4):1162-72. DOI: 10.1080/21645515.2020.1809266.

Berezin EN, Jarovsky D, Cardoso MRA, Mantese OC. Invasive pneumococcal disease among hospitalized children in Brazil before and after the introduction of a pneumococcal conjugate vaccine. Vaccine. 2020;38(7):1740-5. DOI: 10.1016/j.vaccine.2019.12.038.

Barioni CTS, Salles N. Meningite bacteriana comunitária: desafios atuais e uso da inteligência artificial no diagnóstico, manejo e tratamento. Braz J Implant Health Sci. 2025;7(3):561-79. DOI: 0.36557/2674−8169.2025v7n3p561−579.

Silva HCG, Mezarroba N. Meningite no Brasil em 2015: o panorama da atualidade. Arq Catarin Med. 2018;47(1):34-46. DOI: 10.63845/bvt0cr52.

Downloads

Publicado

2025-08-28

Como Citar

1.
Romano Afonso AJ, de Freitas Franck AL, Anunciação Carvalho E, Lucena Costa H, Fernandes da Costa L, Quaresma Rezende ND, Silva Guerra H. Meningite em crianças no Brasil de 2020 a 2024: análise epidemiológica de dados secundários . HU Rev [Internet]. 28º de agosto de 2025 [citado 5º de dezembro de 2025];51:1-9. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/48541

Edição

Seção

Artigos Originais