Ocorrência de câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras em mulheres que não se enquadram na faixa etária recomendada para o rastreamento pelo exame colpocitológico
Palavras-chave:
Câncer de Colo de Útero, Teste de Papanicolau, RastreamentoResumo
Introdução: O câncer do colo do útero é frequente entre as mulheres em diferentes faixas etárias. Objetivo: Determinar as taxas de lesões pré-malignas e malignas do colo do útero e analisar a distribuição epidemiológica dessa doença nas mulheres fora da população-alvo preconizada para o rastreamento no país, em Minas Gerais (MG) e em Governador Valadares (GV). Material e Métodos: Foi realizado um estudo observacional, retrospectivo, a partir de dados obtidos do Sistema de Informação do Câncer, para obter informações de GV, MG e do Brasil (BR), de janeiro de 2013 a dezembro de 2023. Foi verificada a frequência de lesões pré-malignas e malignas do colo do útero, observadas no exame colpocitológico, considerando a faixa etária. Resultados: As atipias em células escamosas de significado indeterminado (ASC-US) corresponderam à alteração mais frequente, independente da faixa etária e as lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LSIL) foram significativamente mais elevadas em mulheres com até 24 anos, nas três esferas. As taxas observadas para as atipias em células escamosas de significado indeterminado não podendo excluir lesão de alto grau (ASC-H), para as lesões intraepiteliais escamosas de alto grau com características suspeitas de invasão e para o carcinoma escamoso invasor, foram significativamente mais elevadas entre as mulheres com 65 anos ou mais, assim como as taxas de adenocarcinoma endocervical invasor no BR e em MG e as taxas de adenocarcinoma endometrial invasor no BR. Conclusão: Foi possível observar uma frequência maior de lesões de baixo grau em mulheres com idade até 24 anos e as lesões intraepiteliais escamosas de alto grau com características suspeitas de invasão, o carcinoma escamoso invasor, o adenocarcinoma in situ e o adenocarcinoma invasor mais frequentes na população com 65 anos ou mais, nas três esferas avaliadas, o que implica na necessidade de manter o rastreamento entre as mulheres mais idosas.
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