As pessoas transexuais e travestis e a invisibilidade na Atenção Primária à Saúde
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-8047.2024.v50.45762Palavras-chave:
Atenção Primária à Saúde, Minorias Sexuais e de Gênero, Minorias Desiguais em Saúde e Populações VulneráveisResumo
Introdução: A população transexual e travesti faz parte do grupo de populações vulneráveis, que está rodeada por diversos estigmas sociais, preconceitos e violências diante de uma sociedade com um padrão dominante de heteronormatividade. No campo da saúde, a questão do acesso e do cuidado ofertado são campos sensíveis para o processo de satisfação da população transexual e travesti, que engloba o acolhimento e atendimento não adequado, a fragilidade na qualificação dos profissionais de saúde e na integralidade do processo de cuidado em saúde. Objetivo: Analisar a percepção de travestis e transexuais sobre o cuidado ofertado nos serviços de saúde da Atenção Primária à Saúde do município do Rio de Janeiro. Material e Métodos: Pesquisa descritiva/exploratória de natureza qualitativa. Para a coleta e análise de dados foi utilizada a entrevista compreensiva. Essa vertente estende o olhar para todo o processo: desde o contato inicial com o entrevistado – o que esse diz (verbalmente ou não), as visitas no campo e tudo o que foi observado nesses momentos. Foram entrevistados 6 pessoas transexuais e travestis. A busca pelos participantes ocorreu principalmente pela técnica da Bola de Neve até o alcance da saturação dos dados obtidos. Resultados: Foram identificadas como barreiras à rede formal de cuidados, o desrespeito ao uso do nome social nos serviços de Atenção Primária, a frágil qualificação e o desconhecimento amplo das necessidades e singularidades da população transexual e travesti pelos profissionais de saúde. Conclusão: Ainda que tenha ocorrido avanços, o sistema de saúde ainda possui lacunas significativas em relação ao processo de cuidado em saúde na Atenção Primária para as pessoas transexuais e travestis.
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