Mortalidade por câncer de boca e faringe no Brasil entre 2008 e 2019: estudo descritivo
DOI:
https://doi.org/10.34019/1982-8047.2022.v48.37587Palavras-chave:
Epidemiologia, Neoplasias Bucais, Neoplasias FaríngeasResumo
Introdução: O câncer de boca e faringe tem etiologia multifatorial e representa cerca de 3% de todos os casos de câncer no mundo, sendo o quinto tipo mais prevalente em homens brasileiros. Objetivo: Analisar a mortalidade por câncer de boca e faringe ocorrida no Brasil e suas regiões no período de 2008 a 2019. Material e Métodos: Os dados foram extraídos no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi conduzida uma análise descritiva das taxas de mortalidade global por sexo, raça, faixa etária, estado civil, escolaridade e sítio anatômico, com subsequente análise estatística por meio da tendência temporal por regressão linear simples. Resultados: No período, houve o crescimento de 33,25% dos óbitos, taxa de mortalidade média de 3,64/100 mil habitantes e a análise de tendência temporal demonstrou aumento anual de 0,06 óbitos para cada cem mil habitantes. Ademais, pode-se observar mais frequentes óbitos no Sudeste 49,28%, nas faixas etárias de 50 a 79 anos com 73,31%, em pessoas casadas, 41,19%, na raça branca, 53,49%, com escolaridade de 1 a 3 anos, 25,73% e sexo masculino, 78,97%. Nesses, obteve-se a razão das taxas de mortalidade masculina e feminina de 3,75 e taxa de mortalidade masculina crescente, com uma taxa média de 5,83, sendo a feminina de 1,51 cem mil habitantes. Conclusão: O perfil de mortalidade do estudo por câncer de boca e orofaringe é predominantemente composto por indivíduos do sexo masculino, brancos, de 50 a 69 anos, casados e de baixa escolaridade. Embora mais frequente nas regiões Sul e Sudeste, as taxas de mortalidade apresentam uma tendência de crescimento anual, em especial na região Nordeste do país.
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