Uma arqueologia da vida em Michel Foucault
Resumo
RESUMO: Numa arqueologia da vida em Michel Foucault, encontram-se implicados não apenas o tratamento arqueológico que Foucault confere à noção de vida na década de 1960 como também os efeitos de uma reflexão acerca da vida tomada como marcador epistemológico apto a iluminar certa cristalização da ordem do discurso. A noção de vida que Foucault considera aflorar na transição epistêmica que inaugura a modernidade está em jogo não apenas no surgimento da biologia mas também nos discursos e práticas político-econômicos que resultam numa biopolítica. O conceito de vida em Foucault revela-se, portanto, como determinável, aberto a determinações pelo exterior, em constante transformação pelas tecnologias de poder e de saber. Foucault, dessa forma, não define vida, não institui um estatuto ontológico para essa noção, não está em questão, para Foucault, uma definição da vida de tipo vitalista, mas sim uma opção metodológica cuja contribuição para a argúcia das reflexões de Foucault acerca do biopoder é central.
Palavras-chave: Vida; Biopolítica; Arqueologia; Foucault.