Notas sobre a possibilidade de reflexos agostinianos na conceituação de teofania em João Escoto Erígena
DOI:
https://doi.org/10.34019/2448-2137.2021.37201Resumo
Embora explicitada em vários momentos ao longo da obra de Erígena, a presença do pensamento agostiniano em suas especulações centrais nem sempre é manifesta e segura. A partir da ontologia relacional trabalhada por Agostinho no De Trinitate IX-XII, com base em sua redefinição da categoria aristotélica de relação no livro V desta obra, pretendemos apontar para seus possíveis reflexos na herança patrística operada por Erígena no Periphyseon I, iniciando pela polaridade central ser – não-ser, onde toma corpo a noção de ser como expressão perceptível e dizível, e na qual os polos são ditos e inteligidos unicamente de modo relacional recíproco; caminhando pela conceituação de natureza como expressão das coisas que são e, portanto, existem e são cognoscíveis (ao contrário das essências, incognoscíveis); e culminando na cristalização do conceito epicentral de seu pensamento: teofania, pelo qual se vislumbra a realidade natural como expressão divina, em que o Criador se expressa criando (e se manifestando, portanto dando-se a ser conhecido na) a natureza.
Palavras-chave: Ser, Expressão, Relação, Teofania, João Escoto Erígena.