O filósofo dentro e fora do ordinário: Hume, Stanley Cavell e a instabilidade das conclusões céticas
DOI:
https://doi.org/10.34019/2448-2137.2020.33285Resumo
O objetivo deste artigo é discutir o que representa a instabilidade das reflexões filosóficas, segundo a leitura que dela faz a filosofia de Stanley Cavell, em diálogo com Hume, filósofo que teria abordado esse problema em sua maior amplitude. Nesse sentido, em primeiro lugar o texto apresenta as linhas gerais da análise humeana, realizada especialmente no Tratado da Natureza Humana, sobre a alternatividade entre a razão e a imaginação na questão do ceticismo sobre o mundo exterior e concernente à identidade pessoal. Partindo dessa síntese da questão, investiga em que sentido, para Cavell, a instabilidade do ceticismo reflete sua natureza dicotômica face ao ordinário; a naturalidade e a antinaturalidade da filosofia. A intenção é mostrar, com base nesse percurso, que, dado o fato de que as noções filosóficas não são descobertas sobre as crenças comuns e que estas não conseguem evitar por completo as tendências da razão humana, a ideia de uma filosofia imersa no mundo ordinário só pode ser compreendida como uma apropriação subjetiva dos nossos acordos comuns.
Palavras-chave: ceticismo; filosofia; crenças naturais; linguagem ordinária.