O corpo é uma grande razão: liberdade, consciência e natureza em Nietzsche
DOI:
https://doi.org/10.34019/2448-2137.2020.31480Resumo
O artigo apresenta as noções de liberdade e natureza na filosofia de Nietzsche a partir de aforismos escritos em Humano, demasiado humano e Aurora, nos quais o filósofo afirma a total irresponsabilidade humana (destino) e, ao mesmo tempo, exalta o agir em curso na natureza; o impasse entre ação livre e necessária repercute em A Gaia Ciência, nas reflexões a respeito da consciência ou intelecto: este seria o mais frágil órgão do corpo humano e, portanto, incapaz de comandar o agir. Nietzsche, porém, não afirma nenhum determinismo regente das ações; ao contrário, trata-se de mostrar o desconhecido mundo subjetivo, no qual vivemos; por isso, em Assim falou Zaratustra, o corpo é chamado de grande razão, em contraste à pequena razão da consciência, e a vontade de poder atravessa cada movimento corporal: orgânico, inconsciente ou intencional. Enfim, o recorte da filosofia de Nietzsche, percorrido no artigo, propõe uma reflexão complementar entre natureza e liberdade, sustentada sobre três pilares: o puro acaso (indeterminação), a inocência da natureza (sem responsabilidade ou culpa) e a liberdade humana (não tomar a si mesmo como fato consumado).
Palavras-chave: Nietzsche; Natureza; Liberdade; Corpo.