A angústia em Kierkegaard, Heidegger e Sartre – sobre o que a ciência não pode objetificar
DOI:
https://doi.org/10.34019/2448-2137.2020.31477Resumo
Em nosso tempo, a perspectiva naturalista ganhou uma enorme notoriedade. No entanto, ao eliminar a liberdade, o naturalista fica refém de um tratamento da angústia como ansiedade, qualificando-a exclusivamente pelas manifestações fisiológicas e comportamentais, deformando-a em seu significado mais profundo. O que a ciência não pode objetificar, ou seja, que resiste a ser tratado unicamente em sua dimensão objetiva – sem que seja corrompida a sua significação – é o que se pretende abordar neste artigo. Coloca-se em relevo, em três itens, a problematização do conceito de angústia na tradição da filosofia existencial, com base nas obras de Kierkegaard, Heidegger e Sartre. A filosofia existencial nasce influenciada pelo romantismo em Kierkegaard, como um questionamento e uma resistência à filosofia especulativa, instaurando um novo ponto de partida: o singular da vivência e o tempo vivido. Mais tarde, ela se transforma em Heidegger no paradigma ontológico da fenomenologia hermenêutica, que conduz o filósofo a questionar o esquecimento do Ser na história da metafísica, com seus reflexos na técnica. Em Sartre, a filosofia existencial coloca-se no plano de uma ontologia fenomenológica, na qual o problema do conhecimento pressupõe a pergunta sobre o corpo e o sentido. Nossa hipótese é, portanto, que a reflexão sobre a angústia produzida pela filosofia existencial pode ser ainda hoje convocada como resistência ao naturalismo.
Palavras-chave: angústia; naturalismo; filosofia existencial.